Valeu a visita!

Daqui pra frente, divirta-se trocando ideias comigo.
Conheça meu outro blog: http://everblogramatica.blogspot.com.br

quinta-feira, 20 de março de 2014

Coisas que anelamos



Assisti, ao vivo pela Internet, à ocultação de Saturno pela Lua. E, agora há pouco, a reaparição de Saturno e seus anéis - aquela maravilhosa imagem formada por uma concentração gigantesca de gelo, poeira e material rochoso. Para nós, parece apenas uma pista de patinação espacial que dá a volta em um planeta enorme. Mas é mais que isso, bem mais. Um verdadeiro espetáculo ao qual não temos acesso, a não ser a distância.


A distância é pouco dizer, porque Saturno dista do nosso planeta a bagatela de (quase) 1.500.000.000 quilômetros. Acho que com uma distância dessa nenhum mineirinho diria que Saturno está logo ali, a um tirinho de espingarda. Nenhum baiano iria dizer que, para se chegar a Saturno, basta seguir em frente toda vida. Nem o Shreck teria sua ogra coragem de dizer que Saturno está "so far far". Isso porque esses anéis estão muito, muito, muito longe do que o que quer que suponhamos mais longe possível.



Tem coisas muito ruins que estão aí, desfrutando de existência, apesar de distantes de nossos olhos de pobre alcance. Coisas grandes aneladas, que, se estivessem perto ou sobre nós, nos pressionaria tanto, que iríamos implorar pela vida com clemência de condenado à morte. Tem coisas ocultas, que só se mostram de tempos em tempos, apesar de gigantescas. Coisas que seguem sua vida independentemente da nossa, mas que, de tempos em tempos (longos ou breves) fazem questão de nos recordar que ainda vivem. Cada um sabe o que são essas coisas, quando se vê pressionado a fechar os olhos de pavor.



Mas há também coisas boas, maravilhosamente boas, para as quais queremos destinar nosso olhar, nosso ouvir... todo nosso sistema sensorial, emocional, espiritual e intelectual. São coisas que anelamos. Uma série de coisas incomensuráveis em torno das quais queremos envolver os nossos anéis, formados de amor, de calor e de um pulsar vital que se quer fazer visto, não a 1.500.000.000 de quilômetros, mas a uma distância que dê a impressão de estar dentro de nós. Cada um sabe a fome dos olhos que querem ser saciados por uma imagem de dimensões planetárias, como a de Saturno e seus anéis.




Nenhum comentário:

Postar um comentário