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terça-feira, 11 de março de 2014

Questão de olhar




Hoje no meu escritório atendi um garoto com o qual trabalhei um texto que falava sobre a estranha sensação que temos quando, mesmo com as pessoas fora do nosso campo de visão, sentimos que tem alguém nos olhando. Segundo pesquisadores, 94% da população dizem ter esta sensação e complementam: quando olham para trás se deparam com quem estava olhando.

Logicamente, entre os cientistas, há quem negue essa possibilidade. Ao negar, argumentam dizendo que isso acontece por uma confluência entre ilusão e coincidência. Desse modo, a pessoa que se sente olhada, em geral, está na frente de alguém e, por estar incomodada, faz algum movimento que desperta a atenção de quem está atrás. Após o movimento, olha para trás e acaba cruzando o olhar com o de quem ele alega estar sendo vítima de observação intensa.

Isso lembra bem o trecho final do texto de Fernando Sabino, intitulado "A última crônica", em que depois de ser intensamente observado em sua tímida comemoração de aniversário da filha de 3 anos num um botequim reservado para brancos ricos, um pai negro, orgulhoso de seu gesto, ergue seu olhar e o cruza com o do narrador. A força de sua conquista faz com que ele sustente seu olhar e assegure a naturalidade de sua presença ali. Dele e de sua família.

Nem todo mundo reage desta maneira. Muitos, em determinadas situações, justamente por se sentirem observados, por se verem alvo dos projéteis dos olhares alheios, por se surpreenderem emaranhados nos fios da rede que compõe uma armadilha inescapável, cedem, inseguros, à possibilidade de realizar sonhos, de provar a si mesmos que são capazes de superar limitações e olhar para a própria felicidade.


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