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segunda-feira, 1 de abril de 2013

De grão em grão?

Até a gente chegar em casa depois do feriado foi uma luta. Logo, logo, a paisagem de mar e serra veio se transformando em prédio, prédio e mais prédio - comerciais, residenciais, de toda sorte. Neles entravam muitas pessoas, com as mais diversas roupagens e aparências. O contraste dos que entravam com aqueles que se viam largados nas calçadas próximas aos prédios aguçou o espírito do meu amigo.

- Rapaz, tem tanta gente com tanto, é ou não é? E tanta gente com quase nada!! Será que não tem um meio termo nisso aí, não, Ever? - quis saber meu amigo FG, com uma ponta de tristeza, misturada com indignação. Isso porque nem ele nem eu, e na verdade, ninguém da nossa turma destoa muito, nem para mais nem para menos.

Eu não sabia bem o que responder ao meu camarada ali, não. Isso porque poderia soar como um discurso marxista, de conflito necessário, de mais-valia, de mobilidade social... e eu não estava disposto a isso. Também não queria fazer o discurso religioso, politicamente correto, segundo o qual Deus tem um plano para a vida de cada um de nós, e, por isso, cabe a nós apenas acreditar que tudo está sob o controle de dEle. Muito menos tinha eu a vontade de fazer um discurso revolucionário, propondo um Hobin Hood no Hemisfério Sul.

- Olha, FG, o que eu não sei, meu caro, é se as pessoas que têm tanto, assim como você diz, são realmente felizes. Se a gente puder medir a felicidade pela quantidade de bens que algumas pessoas têm, sim: são felizes à beça aquelas que têm muito. Afinal, têm os melhores carros, moram nas melhores regiões em casas que parecem mansões, estudam nas melhores escolas, viajam aos melhores lugares etc. Mas eu, mesmo aos 44 anos, não estou certo se isso é mesmo sinônimo de felicidade, FG.

Um silêncio longo se abateu sobre a fisionomia do meu amigo. Ele parece ter lido meus pensamentos e visto que essa é uma realidade difícil de mudar. Viu também que era difícil ficar calado, inerte, indiferente, conivente. Era perceptível o salto das veias em sua fronte. Uma irritação contida, um desejo de guerra amortecido pela impotência da falta de armas, conteve FG.

- Sabe que o que mais me incomoda, Ever, nem é essa diferença toda aí, não.

- Que que é, então, FG?

- Meu! Eu ia falar que os que não têm quase nada podem, pelo menos, se deleitar todo dia com uma pequena alegria.

- Ué, mas eu concordo com você, acho mesmo que é melhor ter pequenas alegrias sempre e com sentido, do que ter tudo que se quer e se precisa, assim, de uma só vez, e perder o sentido das coisas.

- Então, Ever, mas será que essas pessoas que nada têm, também não ficam privadas dessas pequenas alegrias?

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