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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Amigo é coisa pra se ouvir

- Não, não FG, que tenha trocado socos com meus amigos, não. Nem soquei ninguém, nem ninguém me socou. Que já houve alguns momentos de mal-estar, já. Isso me parece normal nas relações em que se sabe ser fácil ceder, para um ou para outro.

- Aí, já sei. Um acha que tudo bem fazer ou falar, deixar de fazer ou deixar de falar. Acha que tanto faz.

- É isso, meu caro, mas é também justamente por isso que a gente acaba cometendo grandes erros. Justamente por achar que conhece tanto o outro, que se dá o direito de decidir por ele. Não, isso não pode acontecer. Por mais que a gente pense conhecer o outro, nenhum de nós sabe o momento exato que o outro atravessa na hora em que supomos poder decidir por ele.

- Mas às vezes, Ever, tem hora que a gente tá numa enrascada tão grande, que até queria que outro decidisse por nós, né não?

- (...)

- Ih, caramba... é ou não é, Ever?

- Você sabe que naquele momento, que com toda certeza foi um dos mais dolorosos da minha vida, se eu tivesse ouvido o que um desses meus grandes e poucos amigos tinha dito pra mim, hoje muita coisa seria diferente. Mas eu não só sou José, como também sou duro - como relata Drummond no poema José.

- Que que foi, Ever?

- Vou entrar em detalhes, não, FG, que não me sinto bem pra isso. Mas eu tinha todas as razões do mundo para não fazer uma coisa para a qual eu estava impulsionado. E ele me disse: "Não faça isso, que você vai perder a razão".

- E por que você não deu ouvidos a ele?

- O momento que eu vivia não me permitia enxergar de outro modo, mesmo com a verdade esfregada na minha cara. Não sei mesmo se apostei que minha atitude faria reverter a situação, ou se quis chamar atenção de algum modo. Sei que, não dei ouvidos à voz de um dos meus maiores amigos.

Depois de algum silêncio que demonstrava grande incompreensão da minha ação, FG suspirou e perguntou:

- E o que que faltou pra você ouvir?, porque na maioria das vezes a gente ouve os amigos. Falou ele te dar um safanão?

- Olha, FG, ele até chegou a dizer: "Te dou uma porrada se você fizer isso!".

A revelação parece ter assustado as expectativas de FG, uma vez que ele sabe que meus amigos são todos como eu: relativamente tranquilos e pessoas de bem - quer dizer, pessoas que têm sempre em mente o bem do outro e não vivem a planejar o mal alheio.

- E aí?

- Talvez a porrada tivesse surtido efeito.

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