Estou aqui há muitas horas lendo sobre ler e sobre escrever. Também estou escrevendo sobre ler e escrevendo sobre escrever. Isso porque, sempre com muito prazer, costumeiramente eu falo sobre ler e falo sobre escrever para pessoas envolvidas no ensino dessas práticas cotidianas de linguagem.
Não foi sem propósito o excesso de repetições no parágrafo anterior. Fico abismado a cada vez que me encontro em uma aula na qual o tema é o ensino de leitura e escrita. Isso se estende, naturalmente, ao ensino de oralidade (fala e escuta) ou de análise e reflexão sobre a língua. Pouca novidade há nas concepções de prática de linguagem.
Há quase 100 anos temos estudos que comprovam o aspecto social da língua. Sabemos que ela é necessariamente social; que ela está a serviço da sociedade, ao mesmo tempo em que a constitui e é constituída por ela. Sabemos também que toda prática de linguagem é situada e, por isso mesmo, envolve ao menos duas pessoas em lugares e tempos determinados, com intenções previamente marcadas, razão pela qual falam o que falam, escrevem o que escrevem.
Todos os textos já escritos, todas as falas já ditas fazem parte de um continuum que atravessa os tempos e encontram eco em certas situações ou enfrentam oposições em outras, mas é tudo um grande fluxo de discursos que sustentam os modos sociais de ser. Nossos filhos e alunos precisam passar por situações (didáticas e adidáticas) que os capacitem a utilizar a linguagem de modo eficiente para que sejam felizes em suas interações pessoais, profissionais etc. Por que, mesmo ouvindo um discurso tão repetido como esse, ainda temos tantos problemas em ensinar e aprender a ler, escrever, falar e ouvir?
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