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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Efeito Borboleta

Há alguns termos que têm uma circulação tão grande entre nós, que muitas vezes até nos esquecemos de nos perguntar sobre eles, o que significam o que sentido assumem a cada vez que são utilizados em contextos diferentes.

Houve um tempo em que FG vinha com vários desses termos em nossas discussões. Já passamos horas discutindo coisas tão aparentemente fáceis de definir. Engana-se bem redondamente aquele que pensa ser uma coisa tranquila definir termos como bondade, amor, justiça. Tal é o grau de subjetividade delas que se torna impossível oferecer uma definição sem esbarrar em limitações de nota natureza: religiosa, cultural, econômica ou, numa palavra, social. De outra sorte mas de igual indefinição é a palavra "contexto". Essa, sim, me parece servir para tudo. Inclusive, parece meio descontextualizado utilizar aqui a palavra contexto.

FG me veio com uma dessas para que a gente se colocasse a discutir sobre ela. Sempre que discutimos, não temos a intenção de chegar a uma definição única, até porque já se sabe que nada neste nosso mundo é único, nada é autêntico, nada é absoluto. Nem mesmo as palavas que nós dizemos ou escrevemos. Tudo passa, tudo enfraquece, tudo vira nada um dia. Ou, ao menos, uma vaga lembrança. Para sustentar este pensamento final, lembrei meu amigo de uma música do Pato Fu, em que um pai diz à filha que está chegando a hora de ele se tornar apenas "alguém pra se lembrar".

Pois me veio FG a perguntar entre os chopes que tomávamos:

- Ever, que diabo é o chamado "efeito borboleta"? É só mais uma dessas coisinhas novas que a gente fala por  um tempo e depois some como poeira?

- Olha, FG, não vou eu aqui explicar isso, até porque eu não sei falar, senão superficialmente, a respeito disso. Mas acho que dá pra gente começar uma conversa sobre isso. Tô aqui pensando, por exemplo, nesse acidente com o ônibus no Rio de Janeiro, sabe?

- Sei. Esse que o ônibus despencou do viaduto em cima da Avenida Brasil e matou umas poucas pessoas e feriu outras tantas?

- Isso aí, FG! Quem de nós poderia imaginar que aquele negocinho que o motorista queria resolver chegando mais cedo ao destino fosse determinar tanta coisa, não?

- Eu sei, Ever. Essa pressinha dele fez ele não parar em um dos pontos, justamente onde precisava descer um rapaz que estava atrasado para seu compromisso.

- Pois é: o motorista poderia abrir mão daquilo que na hora lhe pareceu urgente. Ou poderia ter se contentado com um pouco de atraso, afinal, morar em megalópole é quase sinônimo de ficar parado em trânsito por algumas longas horas. Isso teria evitado o acidente...

- Então, mas o carinha que foi bater boca com o  motorista também não podia descer no ponto seguinte e, em vez de discutir com o motorista? Não poderia ter anotado número do ônibus, horário e tudo, para fazer a reclamação na empresa e, ela sim, identificar o motorista infrator e punir o cara?

- Pois, então, FG: quantas pessoas ainda estariam vivas? Quantas não estariam fisicamente íntegras tocando sua vida sendo felizes e fazendo outros felizes? Mas não estão por quê? Você sabe, por exemplo, que uma das três pessoas que morreram estava no Rio de Janeiro casualmente?

- Não.

- Pois bem, um dos passageiros tinha o hábito de ir ao Rio apenas 3 vezes ao ano. Suas chances eram mínimas de ser alvo de uma tragédia... No entanto, como resultado de uma série de pequenas coisas, como resultado da batida de pequenas asas de borboletas... nós chegamos acontecimentos desse porte. Pessoas morrem, ou tem seus sonhos simplesmente abortados como decorrência de um gesto, de uma escolha, de uma ação de alguém. 

- Então, Ever, a gente pode dizer que tudo que existe nada mais é do que o resultado das escolhas que a gente faz? O que fazemos determina parte do que acontece ao nosso redor e dentro da gente?

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