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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Daqui praí

Que me perdoem a ousadia do título, principalmente, pelo uso do "praí". Sempre vivi a experiência de falar para os outros. Naturalmente, falar para uma pessoa, para duas, para mais. Desde que às vezes dava aula em escolas dominicais de igreja, até quando passei a fazer alguns sermões, passando pelo meu início de carreira como professor, englobando as falas em congressos nacionais e internacionais, até falar para públicos, ora cada vez mais generalistas ora cada vez mais especializados, como tenho feito hoje, enfim, já vai para uns 20 anos que venho falando aos outros.

O praí do título já revela um pouco da autonomia que me concedo para escrever, bem como a certa liberdade que dou aos meus textos quando os faço. Tenho me dado o direito de lançar mão de formas que antes eu considerava inadequadas e inconcebíveis em algumas situações. No entanto, tanto na escrita quanto na fala às forças centrífugas da língua, na medida em que acredito que ao escrever e ao falar, muitas vezes, o conteúdo suplanta a forma de tal sorte que, uma inovação ou um desvio linguístico pode produzir um efeito de sentido interessante.

Falar aos outros tem um pouco disto: querer dar a eles o que se tem de melhor. Elaborar bem o pensamento, averiguar a causa da fala, sua forma e seu conteúdo, a seleção das palavras, a modulação, a extensão do que se vai dizer, do quanto se vai dizer, do como. Enfim, falar aos outros é, em grande parte, falar de si mesmo, de suas crenças, seus procedimentos, suas intenções, seus sentimentos etc.

É, portanto, também falar de si. É impregnar de si um pouco do outro. É querer produzir nele alguns sentimentos, procedimentos e algumas intenções, crenças e tantas outras coisas. Evidentemente, trata-se de uma mão de via dupla, porque à medida em que influencio ou outro (consciente ou inconscientemente), o outro também tem totais condições de nos influenciar. E assim segue o jogo: daí pra cá; daqui praí.


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