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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Ser dor e delícia

Do mais ao menos letrado cidadão, imagino que um imenso número de pessoas conhece o famoso "Ser ou não ser", que Shakespeare coloca na boca de Hamlet, na peça homônima (que, aliás, está em cartaz em São Paulo - vi no sábado passado, e nesta sexta vou de novo). O que já é quase um bordão junta-se à instigante constatação: "eis a questão".

Longe de mim, bem longe, querer fazer qualquer julgamento, lançar o menor juízo de valor a respeito do que   é "ser" hoje. Muitos vão dizer que atualmente "ser" é algo tão incrivelmente superficial que não é mais possível conhecer alguém com alguma profundidade. Outros certamente dirão que "ser" envolve tantas possibilidades, que viver apenas uma delas é, de certo modo, empobrecedor da própria existência.

Aqui no meu canto, quietinho, na solidão da minha casa, no silêncio desta noite que (a despeito da chuva que caiu) parece beirar os 40º de febre, acredito que realmente o importante é ser. Mesmo sabendo que "ser" algo ou "ser" de um jeito não implica necessariamente não poder "ser" outra coisa ou não poder "ser" de outro jeito. Estão aí os conceitos da pós-modernidade (Stewart Hall) para nos ensinar sobre a fluidez das identidades.

O fato é que "somos quem podemos ser" - como cantam os Engenheiros do Hawaii, que citei ontem. Mais: a mim me parece bastante arriscado imaginar que alguém é apenas algo ou apenas de um jeito. Somos múltiplos, exercemos dezenas de papéis, mudamos de posição, de pensamento, de conceito. Mudamos. É certo que não somos (e ponto): nós estamos sendo, estamos nos construindo a cada momento. E "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". Ou: de ser o que está sendo.

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