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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Amor de longe

A educadíssima voz lírica de Marisa Monte enfeita o ar quando canta. Acaricia os ouvidos. Lembro agora alguns versos, que vêm ilustrar o que quero dizer hoje. "Ao meu redor está deserto. Você não está por perto ainda está tão perto. E longe. Amor de longe".

Embora meu filósofo predileto seja Aristóteles, vou me referir a Platão - que nos deixou muita coisa boa para pensar. Até hoje, em qualquer meio, discute-se o mito da caverna. Até hoje se discute a relação do mundo ideal/mundo imperfeito com os ensinamentos religiosos. Até hoje se discute a noção de verdade única. Até hoje se fala de amor platônico.

Amor platônico (falando assim, a pinceladas largas, grosso modo) é aquele que se caracteriza pelo sentimento intensamente vivido por uma das partes, a qual, por sua vez, sabe da impossibilidade de concretização da relação amorosa. Mesmo sabendo não ser correspondido, aquele que ama sustenta a todo custo seu sentimento por aquela que para si é uma indefectível mulher, a perfeição em pessoa, uma suserana para sua vassalagem, uma inatingível realidade. Um não-lugar (= utopia). E é capaz de se dar por feliz assim, amando à distância. Amando "de longe". E sem sofrimento. Nossa mente ocidental tem dificuldade para entender isso.

Ora, neste mundo de busca frenética pela satisfação imediata, por mais estranho que possa parecer, ou doentio, é preciso dar espaço àquele que ama e não tem a menor pretensão de ver-se obrigado a ser correspondido em seu sentimento. Ama porque ama. Àquele que ama amar. Àquele cuja razão de existir está em amar, sem que a distância da pessoa amada lhe provoque sofrimento. Àquele que ama de longe.

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