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domingo, 11 de novembro de 2012

À sombra das coisas

Tive hoje a enorme felicidade de voltar a jogar futebol depois de uns 8 ou 9 meses. É... quase o tempo de um parto para poder voltar dividir 90 minutos com os amigos, disputando quem é, como equipe, mais capaz de fazer mais gols. O que vale mesmo é a diversão, a companhia, o exercício físico, a beleza do campo - todo gramado, com linhas e redes brancas... e o melhor: ao lado da represa. Para onde se olha, se veem paisagens lindíssimas.

Antes, porém de chegar ao campo, o trajeto já havia me despertado para pensamentos que quero compartilhar aqui. O caminho para lá é pela Rodovia dos Imigrantes. Invariavelmente, sobre nossas cabeças, imensos aviões cruzam aquela direção, indo pousar em Congonhas. Com o sol escaldante que fez esta manhã, os aviões brilhavam tanto, que rescendiam sua luz pelo espaço, com se se expandissem em si próprios.

Mas o que mais me impressionou foi notar a sombra deles passando sobre a pista que eu atravessava. Pronto: me vi à sombra de uma coisa que era absolutamente maior do que eu. Incrivelmente mais rápida e mais pesada do que eu. Do ponto de vista pragmático, mais útil, mais cara, mais um tanto de coisas. Eu, ínfimo diante daqueles aviões que se exibiam no ar, recebia por um átimo o passar lépido de sua sombra sobre mim. Comparada ao avião lá em cima, a sombra dele é mínúscula aqui embaixo.

Quantas sombras vêm na nossa direção todos os dias? Quantas coisas deixamos de valorizar, porque as julgamos menores. Quantas coisas nos foram ditas nesta vida, e das quais só enxergamos a sombra - e nos arrogamos a prepotência de termos entendido tudo. Quantos gestos foram a sombra de um grande carinho, e nós só tomamos como mais um gesto, só mais uma sombra. Como Platão alertou há tanto tempo com seu mito da caverna,  quisera eu ter a sabedoria de considerar que a sombra que se mostra a mim é apenas parte de uma realidade refletida e que merece igualmente o meu olhar atento.

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