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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

"Pare ser"

"Parece que é, mas não é", dizia o slogan de um antigo produto para cabelos - Denorex. Quem é da minha idade vai se lembrar bem. O produto, cuja embalagem parecia ser de shampoo - mas não era - foi muto popular à época. Quem olhasse para o frasco sem a devida atenção, acreditaria estar vendo um frasco de shampoo.

Quando eu dava uma aula sobre interpretação da realidade, contaram para mim a história  de uma senhora que ao voltar do trabalho tarde da noite e passar por um lugar (à época) afastado, escuro e rodeado por cerca de arame farpado, tremia. O medo a assaltava impiedosamente, sobretudo, quando sobre uma ou mais das estacas que formavam a cerca tinha presa em si uma sacola plástica ou um saco de papel - daqueles de padaria. Nada demovia aquela mulher de que, no breu da noite, aquela estaca coberta por uma sacola, não era uma pessoa ou uma assombração.

Por mais que os olhos dela vissem a forma estranhíssima que em quase nada lembrava uma silhueta humana, não tinha jeito: ela via uma forma de homem. E por optar ver assim, mesmo antes de chegar àquele lugar, já era vitimada pelo medo, pelo pânico, que fazia sua pulsação triplicar, sua respiração quase congelar, seus músculos enrijecerem e suas pernas ficarem prontas para... voar.

O que é, é. E o que não é, não é nem pode vir a ser. Isso diziam os filósofos pré-socráticos numa tentativa de interpretar a realidade de modo unilateral - o que era um tanto adequado para sua época. Mas hoje, em tempos de pós-modernidade é difícil definir o que é ou o que não é, uma vez que as coisas não são, mas estão sendo. É assim com todas as impressões que temos, do mundo exterior e também do interior de nós mesmos. As coisas que julgamos ser, podem não ser. E vice-versa. Ou não.

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