"Ninguém lhe diz ao menos 'obrigado'" é um dos versos da música 'Índios', da Legião Urbana, banda que curti por muitos anos e que tem a minha admiração até hoje. Certa vez, um dos colegas de trabalho, com quem já dividi algumas bancas de mestrado e doutorado, num almoço em Curitiba, finalizou uma de suas falas assim: "gratidão nunca é demais".
Certamente ele não sabe que aquela frase entrou para o rol daquelas que dão suporte para um dos valores que sustento e procuro seguir: gratidão. Julgo que seja de grande importância ter um coração grato, a ponto de reconhecer cada gesto, cada palavra, cada esforço, cada coisa ou acontecimento que nos faz bem. Um 'obrigado' sincero e dito com a alma produz simpatia, emoções e sensações positivas no outro e dá quem quer que seja a sensação de recompensa e a devida motivação para continuar praticando o bem.
Já o 'obrigado' dito da boca para fora, embora não seja pior que a indiferença, é algo que cai vitimado pela apatia, como se não tivesse havido a devida gratidão e, portanto, como se fosse falsa a gratidão expressa dessa forma. Soa como um mero cumprimento de obrigatoriedade, uma simples obediência a um protocolo social. Dizer sinceramente um 'obrigado' é sempre bom, mas fazê-lo obrigado... ah, não. Obrigado não.
Mas ruim, ruim mesmo, é a ingratidão. Se, por um lado, o agradecimento pró-forma revela apatia, por outro, a falta do espírito grato veste de antipatia a imagem do ingrato. Mais que isso: tem o poder de minar o desejo de cordialidade, de cindir as relações de cordialidade, de romper as boas ações - por mais desinteressadas que sejam. Gratidão sincera nunca é demais.
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