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sábado, 20 de outubro de 2012

O papel da ilusão

"A green plastic watering can for a fake chinese rubber plant in the fake plastic earth", canta o Radiohead. Essa música, chamada Fake Plastic Trees, fala das ilusões que fazem parte da vida de muita gente. As ilusões são parte integrante da vida.

Lembro bem de uma aula que dava para os meus alunos de 9º, a partir de um conto que retratava o cotidiano de uma senhorinha cega e analfabeta, que, mesmo sabendo da verdade, insistia em acreditar que seu filho não havia morrido na guerra. E que, por isso mesmo, sempre pedia a um amigo que lesse uma carta do filho para ela. Era a única carta. Mas para não feri-la (mais), o rapaz que recebia as supostas cartas, lia como se fosse sempre uma carta nova. Ela sabia que não era. Mas ela queria se iludir. O rapaz colaborava.

E eu dizia para os alunos que um pouco de ilusão às vezes é necessário para manter a vida. Naturalmente uma ilusão para a vida inteira não é a coisa mais saudável para se cultivar, mas no caso da personagem que descrevi acima (e talvez de muita gente) algumas ilusões são perenes. Como já disse aqui, citando Cazuza, "pequenas porções de ilusão" podem ser interessantes e saudáveis.

Etimologicamente, a palavra ilusão está ligada a jogo, a tudo que é lúdico, inclusive ao ato de enganar para vencer. Daí a prática do ilusionismo, das coisas que parecem sumir na nossa frente. A palavra também está ligada ao que é efêmero. E nesse sentido o papel da ilusão é dar um significado melhor para a vida ou para certo momento dela, de modo que, como canta Oswaldo Montenegro, ela se torne "ao menos, suportável".

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