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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

No limite

"Só sinto no ar o momento em que o copo está cheio e que já não dá mais pra engolir", canta o agora retratado em filme, filho de Luiz Gonzaga, o Gonzaguinha - que já foi citado aqui por mim algumas vezes - em um verso fantástico na música Grito de Alerta.  

Não são poucas as vezes em que as pessoas se veem como o último fio de uma corda prestes a estourar. Ou como o último fiapo de um tecido esgarçado prestes a rasgar. Nem são menos as vezes em que tantas outras pessoas, já passadas desse limite, isto é, como cordas já rompidas, como tecidos já rasgados, veem-se na obrigação de ainda dar sustentação a duas margens que não se conversam mais.

São pessoas que responderiam bem à pergunta do Djavan: "Sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar?". É gente que já tomou tanta pancada e que ainda tem de oferecer outra face menos machucada do corpo para apanhar. São amigos que trabalham tanto e tão intensamente que recusam quase todos os convites para uma diversão simples. Um grupo de indivíduos que não valorizam a individualidade, mas que, em nome do coletivo e de agradar a todos, acatam todo tipo de proposta que lhes surge.

É dessa forma que vão enchendo o copo com mais e mais de um líquido cujo excesso vai corroer sua vida, um líquido que se comprometeram beber, um líquido dado por outros que se aproveitam da fragilidade ou da imensa disponibilidade dessas pessoas para receber favores ou seja lá o que for. Diante disso, imagino que tais pessoas multiatarefadas sussurrem os versos de Chico Buarque: "Deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa, que qualquer desatenção - faça, não - pode ser a gota d'água".

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