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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Braille em seda

Um dos poetas portugueses que mais respeito é Fernando Nogueira Pessoa. Sim, ele tinha meu sobrenome. Quer dizer: a ordem é inversa - eu tenho o sobrenome dele. E com muito orgulho. Dentre seus mais de 70 heterônimos (sim, sim, não foram apenas 3 - ele era genial demais) o que mais curto ler é Alberto Caeiro. Adoro o verso "Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo".

É do meu espaço, da postura do meu corpo, da posição dos meus olhos, da qualidade da minha visão... que eu contemplo o que escolho contemplar. Ora me agrada o escuro, sobretudo, quando muito cansado e com as retinas fatigadas ponho-me sobre minha cama, solitário. Ora me agrada a luz, principalmente, quando o dourado do Sol colore de verde as folhas das árvores que o vento balança, ou de diversas cores as casas, os carros, as pessoas e suas roupas. Também gosto da penumbra, ainda mais estando a dois numa conversa  que nunca quero acabar.

Às vezes a luz resplandece por longo tempo; outras vezes, dura pouco. Mas sempre está aí. E o legal é que, com um pouco de sensibilidade, a luz se deita sobre coisas impalpáveis, como a alegria (ou tristeza) de alguém, como a esperança que de vez em quando me veste como se fosse uma roupagem de seda e - como que em braille para meu tato confuso - me faz ler palavras de incentivo: vai, meu! Vai que é possível!

Como vaga-lume, há vezes em que esse feixe de luz brilha intensamente e se apaga subitamente. Contudo, feito vaga-lume também, segue seu voo pela noite escura para, com toda certeza, voltar a bilhar e a me vestir com o manto de seda mais uma vez: vai, meu! É possível! Aqui da minha aldeia vejo da terra o quanto de esperança há no Universo, porque, escreveu o mesmo Fernando Pessoa, no mesmo poema, inclusive: "sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura".

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