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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Pequenos gestos

Como já disse aqui, um dos meus projetos de vida profissional já foi ser publicitário. Por isso, tenho grande afeição pelo mundo da propaganda e imensa admiração pelo uso da linguagem na publicidade de um produto. Frases curtas, secas, diretas, com sentidos plenos, surpresas, paradoxos, trocadilhos.. Agora me ocorre, por exemplo o famoso: "Pequenas empresas, grandes negócios". A ele poderiam se unir dezenas, como o "Technos,  o primeiro a cada segundo", mas vou me ater ao primeiro dos exemplos.

Parece que passamos a vida a pensar em realizar grandes coisas, em dizer frases de efeito, em construir algo inesquecível que nos torne inesquecível, em nos mostrar grandiosos para assim sermos considerados. Sim, sejam os que admitem isso sem o menor pudor, sejam os que vivem isso escondidos em gestos franciscanos ou samaritanos nos quais a sombra é maior do que aquele que a produz. Independentemente de sermos megalomaníacos ou micromaníacos, esse desejo de marcar nossa presença de modo indelével parece ser comum, bem mais comum do que pensamos.

Dois acontecimentos hoje foram de tal modo extremamente significativos para mim, que sequer posso qualificar, dimensionar ou ainda me atrever a julgar os efeitos que eles me causaram. O primeiro, um cumprimento, um "parabéns". Um atrasado "parabéns", por sinal. Mas o modo como se deu ajudou a encantar o gesto. A pessoa parou o que estava fazendo e, em meio a tantas outras, interrompeu minha caminhada - que sempre se dá do mesmo jeito para o mesmo lugar -, fisgou minha atenção, me deu um abraço muito gostoso e me disse que, embora tivesse tentado, não havia conseguido me parabenizar no sábado e, por isso, fazia-o naquela primeira hora da manhã. E me disse outras coisas que a grandiosidade daquele simples e inesperado gesto me impediu de perceber. Bem sei eu que já quis essa pessoa vivendo ao meu lado o resto dos meus dias.

O segundo gesto, foi logo ao final da manhã. Descia eu as escadas depois da última aula e me dirigia à sala dos professores, para dar aqueles mesmos passos - que sempre se dão do mesmo jeito e para o mesmo lugar - em direção ao meu armário. Eu vinha fatigado, fatigado eu vinha (como dizia Drummond) por uma gripe que tem sugado minhas energias. Mas ali, à beira da porta, uma criatura maravilhosa me esperava: era minha filha, a Isa. Me esperava com um sorriso e era saudada por todos os professores que passavam por ali. Uma até brincou dizendo "eu sei que você é a linda do seu pai, mas vou dizer mesmo assim: minha linda!". Rimos muito e chegou minha vez de cumprimentar minha filha, nunca de modo indiferente. Nunca. E ela me disse: "Oi, pai, tava aqui te esperando pra gente almoçar junto. Queria almoçar com você". Ela não sabe e jamais saberá o que significou o seu convite.

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