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domingo, 16 de setembro de 2012

Desatar nós


Um verso do Arnaldo Antunes: "Meu coração bate sem saber que meu peito é uma porta que ninguém vai atender". Gosto muito da poesia de Arnaldo: seus jogos de palavras, sua simplicidade aliada a uma densa profundidade sempre me dizem mais do que aquilo que está escrito. Um, e apenas um, dos aspectos possíveis desse verso que citei há pouco é o fato de o coração insistir em bater, movido pela esperança de ser atendido, de dar/receber atenção, de nos salvar da letargia que nos engole muitas vezes.

Dada a personificação presente no verso, esse "comboio de cordas" - como o chamaria Fernando Pessoa - revela o papel da esperança dentro do indivíduo. Ela vem ali, feito água mole batendo em um peito empedernido, para gritar a possibilidade em face da dificuldade "im-posta" reinante. Vem para, com seu canto ritmado - allegro ma non troppo -, fazer soar sua voz harmônica aos ouvidos do silêncio absoluto.

Ora, quem impõe o silêncio e ensurdece a alma? Quem anestesia o sentimento e amarra braços e pernas?

"É preciso ouvir a voz que vem do coração", canta Milton Nascimento. É necessário saber que algo é possível. É urgente se permitir alcançar. É imperioso querer. É essencial ter esperança. É vital despertar o alguém que é constantemente chamado à vida pelo coração. É crucial desatar os nós que impedem que alguém se depare com a felicidade.

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