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sábado, 22 de setembro de 2012

44, 33, 22, 11 anos

Sim, são números. Não palavras no título desta postagem. Foi um pensamento que me ocorreu hoje pela manhã, indo para a PUC. Às vésperas de completar 44 anos, quis me lembrar de como era minha vida aos 33, aos 22, aos 11. Todos sabemos que a memória é falha; todos sabemos que a memória é seletiva; todos sabemos que reconstituir lembranças é reconstituir o passado. "Não olho pra trás, mas sei de tudo. Cego às avessas, vejo o que desejo" - canta Caetano.

Hoje, aos 44 anos, olho pra trás com um sentimento imenso de satisfação. Quem sabe da minha história, quem sabe do que passei na minha primeira infância, quem sabe da luta árdua da minha mãe, apoiada por todos os demais familiares, para nos dar condições de desenvolvimento... enfim, quem sabe da minha história, sabe o quanto tenho a agradecer à vida por ser quem sou, como sou, por que e para que sou hoje. Sou grato a cada pessoa que deixou sua marca na minha vida e ajudou a construir minha existência.

Aos 33, eu vivia o período pós "bug do milênio" - acreditou-se que os computadores todos iriam travar. Bobagem, a gente acredita em tanta coisa alarmante, que depois não passa de miragem... de poeira... de fumaça sem fogo. Era o ano de 2001, eu já tinha a eterna bênção da existência das minhas filhas. À época, com 3 e 4 anos, Gabi e Isa já preenchiam a razão da minha vida. Aquele foi o ano em que cedi aos muitos pedidos para que fizesse doutorado. Academicamente, ganhei muitas coisas, aprendi muito, cresci demais. Mas, fora da Universidade, perdi outras em que eu acreditava também (como o bug do milênio) e que viraram fumaça sem fogo.

Com 22, eu já havia migrado da faculdade de Teologia para a de Letras, atrás do meu sonho de trabalhar com gente e de poder ter melhores condições de sustentar uma família. Naquela época, eu trabalhava com informática e cogitava a possibilidade de me tornar professor. Eu já tinha bastante da "vida louca" que tenho hoje: morava na Mooca, estudava em Guarulhos, trabalhava no Ibirapuera, fazia teatro e construía sonhos. Vi as Diretas Já, vi Tancredo ruir, vi a Constituição, vi o gol do Cannigia na Copa do Mundo contra o Brasil. Mas continuei sonhando.

Quando tinha 11, pré-adolescente, já morando em São Paulo, passava sozinho boa parte do dia. Chegava da escola e me virava enquanto esperava minha mãe, que só chegaria à noite, depois de trabalhar em dois, três empregos em sua jornada (no Mappin, no Hospital, na Alfa...). O que eu fazia sozinho em casa? Disputava acirrados campeonatos de futebol de botão. Eu tinha alguns times, montava a tabela de jogos e jogava contra mim mesmo. Feliz, eu aprendia a competir comigo mesmo, eu superava falhas, desenvolvia estratégias, aprimorava técnicas. Não só de jogar futebol de botão. Mas de lidar com o tempo.

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