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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Palavras da alma

Quando Chico César canta que "sua presença me faz rir em dias feitos pra chover", ele faz mais do que uma antítese ou um paradoxo indireto; faz mais do que uma hipérbole; mais do que uma divisão regular do verso. Dizer que a presença de alguém transforma em sorriso o que era para ser a inundação de lágrimas é mais do que dizer, é inculcar, é despertar a vontade de vivenciar essa experiência.

Será isso o belo? Será esse o efeito misterioso da poesia? Será esse o jogo que os poetas tanto adoram praticar? Será essa a magia? Será essa a elegância que Aristóteles recomendava a todo bom uso da linguagem?

Dizer com graça, com sabedoria, com perspicácia, com sensibilidade... é mais do que dar aos olhos o brilho uma imagem; mais do que dar aos ouvidos a carícia de uma sonoridade; mais do que despertar no cérebro uma relação entre contexto, significante, significado e sentido. Construir assim as frases é imprimir na alma do outro a nossa alma; é dar de nós ao outro; é dar às palavras vida - a nossa vida.

Mais: é fazer das palavras o veículo que nos conduz por entre aqueles que existem conosco - em dias feitos para arder ao sol, ou "em dias feitos pra chover".

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