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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Faltam palavras, faltam pessoas

"Cada um de nós imerso em sua própria arrogância, esperando por um pouco de afeição", canta Renato Russo em um de seus últimos discos. Versos muito caros para mim e um tanto significativos por uma série de razões.

Ao atravessar uma avenida hoje, envolvido pela música que ouvia do meu celular, fui bem até a penúltima faixa, quando fui surpreendido por um carro que entrou naquele sentido e esteve muito perto de me atingir. Embora eu seja normalmente lento e, às vezes distraído, estava atento naquele momento aos carros que dessem seta para alertar uma conversão à direita. Se aquele motorista tivesse acionado a seta, eu não teria atravessado. Óbvio que reprovei sua atitude, porque colocou minha vida em risco.

Depois de algum tempo, tentei me colocar no lugar daquele motorista, que dirigia um carro antigo, sob mais um dia de sol escaldante nesta São Paulo que não recebe chuva há mais de 60 dias. Provavelmente apressado para chegar logo ao seu destino, teve de fazer algumas conversões sem o devido alerta por meio da seta. Sobre mim, ele deve ter pensado que eu era mais um desses irresponsáveis que se desliga do mundo por meio dos fones de ouvido e, ao atravessar a rua distraído, não presta atenção direito nos carros que viram.

Eu achei que o motorista estava errado. O motorista achou que eu estava errado. Processos como esses devem ser a base de muitos conflitos nas relações interpessoais. A pessoa X, insatisfeita, não diz porque acha óbvio que a pessoa B deveria perceber seu estado. Por sua vez, a pessoa B, insatisfeita, pela mesma razão acredita que aquela deveria perceber sua situação. Os dois esperam receber um pouco de atenção. A, de B. B, de A. Um olhar, um abraço, uma palavra. Ambos, calados, irritados ou magoados, ficam "imersos em sua própria arrogância, esperando por um pouco de afeição". Quando faltam palavras, existe a possibilidade de estarem faltando as pessoas.



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