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terça-feira, 25 de junho de 2013

Os mesmos?

"Todos os dias eu volto ao mesmo lugar. Às vezes fica longe, difícil de encontrar", canta Humberto Gessinger em mais uma das músicas do Engenheiros do Hawaii de que gosto muito. Já percebi que tenho citado prioritariamente alguns artistas e bandas. Do mesmo modo, outros tantos artistas e bandas que povoam o que conheço de música insistem em me pedir entrada. Mas eu tenho de me esforçar para lembrar um verso que se encaixe no que quero dizer. Enquanto esse esforço não se torna natural, sigo visitando repetidos artistas e bandas. Têm-me sido frutíferos.
 
Volto a eles como volto aos lugares. Muitas vezes, os lugares são tão os mesmos que já caminho neles sem olhar o chão. Não tropeço, não bato cabeça, não esbarro ombros. Sinto-me seguro neles. E eles me recebem bem. São como eu mesmo sou: um mesmo que se muda um pouco a cada dia e que se reafirma teimosamente todos os dias. Às vezes, os lugares de mim mesmo ficam longe, difíceis de encontrar.
 
Não discordo do pré-socrático que dizia que um rio nunca é o mesmo.  Tinha muita razão Heráclito (aquele de Éfeso) ao dizer justamente que a cada vez que alguém entrar num rio, nem o rio nem o alguém serão o mesmo ser. Então, é mesmo difícil dizer que, ao voltar aos mesmos lugares quase sempre, eu esteja realmente no mesmo lugar. Mais: difícil dizer que eu seja o mesmo.
 
Talvez a graça desse movimento não esteja em mim. Com certeza não está. É muito provável que também não esteja no lugar. Imagino eu que a graça esteja justamente no ato de voltar, no ato de se dirigir para. Mais que isso: a graça talvez esteja na ilusão de achar que o lugar seja o mesmo; na fantasia de pensar que eu seja o mesmo. Sim, sim: "às vezes fica longe, difícil de encontrar".

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