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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Não sabia que sabia

"Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim" são versos de uma música bem antiga, que eu ouço desde menino. Desde aquela época eu não sabia o porquê de ela me dizer tanto. Quer dizer: sabia. Mas não sabia que sabia. Talvez fosse doloroso saber e, por conta disso, meu mecanismo psíquico me defendesse fazendo-me cantar a música sem pensar na letra. Não vou abordar o fato aqui, pois não acho que ainda é tempo.
 
Mas esta música me veio à mente de novo hoje, quando eu chegava à escola para as minhas aulas normais. À minha frente, bem lá na frente, caminhavam pelo estacionamento um colega professor e seu filho. O curioso é que ele ia bem à frente do filho, sem olhar pra trás. O filho, por sua vez, ora olhava o pai, ora olhava o chão do seu próprio caminho. Esta cena me lembrou outra, de quando depois de quase 30 anos, fui rever meu pai. Na verdade, fui levar minhas filhas para ele conhecer as netas.
 
Me lembrou também as vezes em que eu ensinava minhas filhas a andar de bicicleta. Depois de muita insistência, encorajamento, parabenizações, lamentações, quedas e novas tentativas, ao senti-las seguras eu segurava cada vez menos a bicicleta. Até que, sem perceberem, davam suas pedaladas sozinhas, conduzindo a bicicleta pelos caminhos que bem quisessem e na velocidade que bem entendessem. Quando se davam conta de que eu não mais segurava, sentiam-se felizes e orgulhosas de si.
 
É assim, eu acho, a vida. Tem hora que a gente é completamente dependente de algumas pessoas - independentemente do papel social que elas cumprem em nossa vida. O caminhar da vida faz as pessoas sentirem que já podemos andar sozinhos. O caminhar da vida faz a gente perceber que já pode caminhar sozinho. E assim as solidões nos acompanham às mesas, nas quais a saudade às vezes dói. De igual modo, o orgulho por conseguir formar e por se sentir formado faz a gente saber que já sabe.

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