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terça-feira, 4 de junho de 2013

Menos íris

Na música Meu Mundo e Nada Mais, Guilherme Arantes canta: "Quando fui ferido, vi tudo mudar. Das verdades que eu sabia, só sobraram restos que eu não esqueci". Isso tem a ver com o que escrevi ontem, desejando ser um pouco Orfeu, para poder superar as pequenas mortes de todo dia. Porque a morte definitiva, quando vem, simplesmente vem. E o que morre, se vai.

É isso. O povo diz que, se tem uma certeza na vida, esta é a morte. A morte é certa. Eu mesmo já escrevi aqui sobre uma pichação que vi num muro, segundo a qual é a vida que faz parte da morte, e não o contrário. Não sei bem o que é verdade nisso tudo. Não sei bem o que é verdade em nada. Não sei bem o que é verdade. Não sei bem o que é. Não sei bem. Não sei. Não.

Mas, às vezes, dá uma angústia tão grande ver alguns pontos de luz perdendo seu brilho. E isso dói pacas. É como um sorriso perdesse um milésimo de milímetro a cada dia. Como se um traço de íris deixasse de compor o centro dos olhos a cada dia. Como se o corpo, qualquer corpo, fosse perdendo seu calor, seu viço, sua pulsação.

É assim nas relações com as pessoas. No trabalho, no campo, no bar. "Na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê". Em todos os lugares. Com todas as pessoas. Em todos os tempos. Ela é fatal e nem faz questão de avisar que vai chegar de repente ou se vai chegando feito serpente, lenta, silente. Pois era justamente contra as pequenas perdas do dia a dia que eu queria ser Orfeu - mesmo sabendo que nada é pra sempre.


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