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sábado, 15 de junho de 2013

O que de si

"Só não se perca ao entrar no meu infinito particular", canta Marisa Monte com sua respeitadíssima e educada emissão vocal. Cantora lírica, ela sabe colocar a voz no tom necessário sem sequer demonstrar esforço. Nessa música (Infinito Particular), assim como em tantas outras, acompanhar o passeio de sua voz é uma viagem pra lá de agradável. É um ticket to ride do lugar onde estivermos.
 
Outro dia, frio e chuvoso como muitos, passando por uma calçada, meus olhos lançaram meu espírito a uma imagem que infelizmente, muito infelizmente, vem se tornando comum numa megalópole como é São Paulo. Havia um cobertor no chão envolvendo um corpo em cuja ponta se apoiava uma mochila. Não pensei na mochila nem no cobertor. Tinha uma pessoa ali dentro. Coberta da cabeça aos pés, nada dela se deixava ver.
 
Há poucos dias, discutindo "O Cidadão de Papel" com meus alunos de 8ºano, refleti sobre a banalização desse tipo de cena em São Paulo: mendigos estirados nas calçadas. Poderia muito bem ter me contentado com esse pensamento, mas meu espírito levou meus olhos de volta para a mochila da pessoa. E me pus a pensar em coisas que pudessem estar ali dentro. Certamente, ali estavam todos os seus pertences. Ele levava ali sua vida.
 
O que haveria ali? O que seriam seus pertences? O que de si ele levava consigo? Mudas de roupa. Roupas mudas. Ou roupas poucas que dizem alguma coisa? O que dizem os objetos que ele (ela?)carrega na sua mochila? O que revelam de sua vida? O que revelam de seu infinito particular?

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