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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Meias arreadas



Futebol sempre esteve entre as minhas paixões. Menos, no entanto, que minhas filhas. E talvez menos que a música - sobretudo, agora, que hérnias, bursites e sacroileítes de vez em quando me tiram o gosto de jogar. No cenário de uma partida de futebol, muitas coisas chamam a atenção. Quem já entrou num estádio como Morumbi ou Maracanã ou Santiago Bernabeu... quem já entrou num lugar desses, sabe bem da beleza que é aquele tapete verde e aquelas linhas e redes brancas.

Tem sempre aquele jogador que já disputou muitas partidas de futebol. Que ao longo de sua carreira construiu muitas experiências e que chega a um ponto em que começa a descuidar do jogo em si, porque ele não é mais o sentido de sua prática cotidiana. Não, não é que ele passe a fazer as coisas de qualquer jeito. Ao contrário, continua fazendo com toda dedicação todos os fundamentos: domínio de bola, passe, marcação, desarme, reposição, cabeceio, chute, finalização - entre outros.

Entretanto é visível que seu corpo começa a dar sinais de quem já não tem mais o mesmo vigor e a mesma disposição/disponibilidade para as partidas. Assim, já não utiliza mais a camiseta por dentro do calção (e nem é por marketing), por exemplo. Ou já não utiliza mais caneleiras para se proteger das pancadas. Ou, ainda, não mantém estendidas as meias; antes tem-nas arreadas. Não se sente mais essencial no jogo; apenas mais um que compõe uma equipe.

Provavelmente, o barulho das redes na hora do gol já não lhe seja mais atraente - embora ainda se empolgue com as vozes que descem da arquibancada para ovacioná-lo. É possível que apenas a consciência de sua importância na equipe o mantenha indo para o campo. Tantos gols feitos, tantas faltas sofridas, tantas vitórias obtidas e tantas derrotas sofridas tenham perdido o viço da juventude, de quanto vivenciava tudo isso com intensidade. Sabe que, como suas meias, em breve, estarão fora dos pés, ele também estará fora dos campos. E o futebol não será menos encantador sem ele.

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