Meu avô, com muita insistência, sempre passou para suas filhas três valores que ele julga fundamentais, inalienáveis. Um deles é o da perseverança. Psicologicamente, perseverar é a capacidade de sustentar voluntariamente uma atividade implicada por uma tarefa prolongada.
Só quem persevera, por severa que seja a luta, sabe das abnegações, das contrariedades, das buscas de ar quando o fôlego parece dar sinais de esmorecimento. Só aquele que persevera por si vela a contemplação da recompensa. Não necessariamente futura, como fazem muitos que oferecem prêmios a perder de vista, e até a perder de vida.
Mas não é assim para quem persevera. É bem provável que esse guerreiro, é bem possível que esse baluarte da insistência, é bem capaz que esse highlander dos tempos modernos seja um visionário que enxerga aqui o lá. Que enxerga perto o longe. Que enxerga o "nunc" latino e não o nunca português. Nunc, em latim, significa "agora".
Seu prazer, sua glória, seu prêmio, sua coroa, seja lá o que for que o motiva, está na luta. E não necessariamente na vitória. Já que falei do latim, é bom lembrar que "severo" é o aspecto daquilo ou daquele que é firme. O prefixo "per" dá a característica da completude. Persevera, portanto, aquele que é totalmente firme em seus propósitos; aquele que, mais do que aonde quer chegar, sabe onde ele efetivamente está.
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