"Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório. Um nome...estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nessa vida...". Gosto deste poeta das frases curtas e lancinantes, simples e contundentes: Drummond. Mineiro de Itabira foi lembrado por mim enquanto corria na pista do Museu do Ipiranga.
Sempre que vou correr, saio de casa cedinho, disposto, entro no carro, ligo o rádio para ouvir um rock clássico enquanto dirijo por 5 minutos até o Museu. Desde a chegada, sob o sol ainda pálido e o chão ainda fresco da manhã, é possível ver um farto e variado conjunto de pessoas. Enquanto faço meus 20min de alongamento, mesmo concentrado no movimento dos músculos que estico, observo os que passam.
Um sujeito pelo qual passei a poucos metros do início da pista chamou-me a atenção. Não. O sujeito não: o que estava correndo com ele. Ou melhor: aquilo com que ele estava correndo. Boné e camiseta: ambos brancos; ambos da Nike. Da mesma marca eram as meias e o tênis. Para proteger os olhos daquele sol que banhava a todos, mesmo quando passávamos sob as copas das árvores, ele ostentava óculos escuros Ray Ban. Sobre seu corpo estavam cerca de R$1500 a R$2000 Reais em artigos esportivos. Tinha mais.
Em seu braço, um aparelho para monitorar os batimentos cardíacos. Marca? Não sei. Em sua mão, brilhava um I-phone branco, ao qual estava conectado um fone, que parecia isolá-lo do som ambiente das passadas e das respirações ofegantes dos que passam cansados por nós. Nada contra. Nada mesmo: acho que as pessoas devem estar felizes como acham que devem estar para isso. Mas isso me fez pensar sobre o real motivo daquele rapaz para estar correndo com todo aquele aparato.
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