Valeu a visita!

Daqui pra frente, divirta-se trocando ideias comigo.
Conheça meu outro blog: http://everblogramatica.blogspot.com.br

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Palavras que correm

"Não pense que a cabeça aguenta se você parar", cantava o bom e velho Raul em uma de suas músicas que mais me marcaram há 11 anos: Tente Outra Vez. Foi um momento em que profissionalmente eu precisava ouvir o refrão dessa música várias vezes. À época, meu carro deve ter-se enjoado de ouvir. Eu, não.


No entanto, o que me interessa hoje não é o refrão, mas o verso com que iniciei este texto: "Não pense que a cabeça aguenta se você parar". E eu estou de novo de acordo: pode parar, não. Tenho essa sensação quando estou correndo, porque para mim é muito claro que minha cabeça corre tanto quanto, ou até mesmo mais do que eu. Assim que eu "dis - paro", ela também começa a bater perna, começa a galgar um percurso que eu nunca sei qual será.



E fico assim, dias pensando menos no que favoreci minha musculatura geral, minha respiração, minha pressão, minha resistência, e mais nos intrincados caminhos por onde minha cabeça me leva. As pessoas que passam por mim, mesmo sem me dirigir qualquer palavra, parecem verdadeiros textos codificados por sua vestimenta, seu biotipo, sua postura, sua velocidade, sua intensidade.



Tenho a impressão de que são espécies de oráculos, de mensageiros, de portadores textuais que têm a mim como depositário de um discurso que eu mesmo preciso ouvir. Ou que minha cabeça precisa considerar. Enfim, penso que se eu parar, a cabeça não aguenta. Logo, começo a considerar que minha corrida é uma forma de eu não parar, de minha cabeça não parar. Correr não é preciso, assim como viver. Correr é preciso, assim como navegar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário