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sábado, 23 de novembro de 2013

Hã?



Mesmo os não-surdos são um pouco ou um tanto surdos quando, voluntariamente ou não, se mostram incapazes de ouvir o que o outro diz. Muitas vezes os não surdos têm vontade de ser surdos para não ouvir tanta agressão verbal direta ou indireta. Afinal, tem gente que ouve impropérios e ofensas vis. E tem gente como eu, que há algum tempo, convive 24 horas por dia, com um zunido na cabeça, às vezes insuportável. 

Acabo de chegar do teatro. Ainda desnorteado com o que vi e ouvi na peça TRIBOS (http://www.tribos2013.com/#!page2/cjg9), uma composição de 9 cenas interligadas que tratam de um cotidiano familiar no qual se pratica a exclusão, e se sofre a exclusão. Cada membro da família vive isso com o seu modo de excluir-se e de excluir o outro, seja em razão de uma habilidade própria (e, por conseguinte, da escassez dela no outro), seja em razão de uma deficiência física mesmo. Como a surdez.

A peça toma como ponto central de expressão da exclusão um deficiente auditivo da própria família, cuja surdez é tolerada e obrigada a se adaptar ao mundo não-surdo. Os conflitos expostos são interessantes e se estendem da surdez a outras fontes de exclusão. Da família a outros grupos. No auge de um conflito interpessoal, no calor de uma discussão, alguém grita: "eu sei o que é ser surdo!", ao que o outro responde: "eu sei o é FICAR SURDO".

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