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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Indignação legítima e seu valor

"Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala. Você era a favorita onde eu era mestre-sala. Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua. Suas noites hoje são de gala, nosso samba ainda é na rua"... como não nos motivar ao ouvir versos tão bem construídos na rima, no ritmo, no conteúdo dito, nos múltiplos sentidos criados, sempre que ouvimos Chico Buarque? Quem te viu, quem te vê...

Esses versos me vêm hoje em razão de uma reflexão que até já havia passado pela minha cabeça e até com alguma frequência, mas não e nunca com a mesma veemência com que ouvi de minha filha hoje. Ela estava sentada me esperando chegar para buscá-la e levá-la para casa, como sempre acontece. [Sim, sim, tenho o privilégio (como disse ontem) de poder estar com minhas filhas todos os dias.] Tudo normal, até que uma cena lhe chama a atenção e lhe arranca do peito a mais legitima indignação.

Um rapaz uniformizado passava por ali onde ela estava a me esperar. Com a maior das naturalidades, como se estivesse fazendo o que era mais trivial na vida, o rapaz vinha recolhendo o conteúdo depositado nos tambores de lixo. Cada um com uma cor destinada à identificação do tipo de lixo a ser jogado ali. No entanto, depois de sacar todo o conteúdo de cada tambor, o rapaz os depositava em um tambor comum, anulando completamente a anterior separação que se havia feito com vistas à reciclagem do material.

Indignada, mas sem preder o respeito, minha filha foi questionar o rapaz acerca da atitude. Ouviu dele que era muito caro reciclar, então, tinha ordens para fazer o que fazia. Minha filha entendeu a posição profissional do rapaz, mas a indignação subiu-lhe até o último fio de cabelo (e olha que ela tem muitos!!!). Ela se questionava veementemente sobre a razão de se criar uma aparência de ecologicamente correto e se praticar exatamente o oposto. "Quem te viu, quem te vê...". Claro que, em sua ação cidadã, ela foi procurar os responsáveis. Meu coração foi para além da indignação dela e se orgulhou muito, mas muto mesmo, dos valores que ela está demonstrando com essa atitude.

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