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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Gotas galhos ventos ciscos

"Já lhe dei meu corpo, minha alegria. Já estanquei meu sangue quando fervia. Olha a voz que me resta, olha a veia que salta, olha gota que falta pro desfecho da festa. Por favor, deixe em paz meu coração: ele é um pote até aqui de mágoa. E, qualquer desatenção, faça não: pode ser a gota d'água". Precisa dizer muito, não. Afinal, é Chico. Ele vem, inteiro nessa canção, para ilustrar uma metáfora.

Todo o dia de todos os dias ela está ali, plantada, fincada, em um movimento parado, de inércia e dinâmica, de ação e inação. Mas está ali. De livre e espontânea vontade, dali ela não sairá. Passam ventos, tempestades, sóis e luas, garoas e dilúvios. E ela está lá, frondosa, cumprindo seu papel de dar sombra e fruto, de beber seiva e absorver gás carbônico, de reduzir a erosão e aumentar a fertilidade do solo.

Está ali, pro que der e vier. Querem subir nela? Que subam. Querem colher seus frutos? Que colham. Querem descansar sob sua copa? Que descansem. Querem desenhar nela um coração? Que desenhem. Querem pendurar uma corda nela? Que pendurem. Querem-lhe podar um galho? Que podem. Porque podem. Mas, "tem sempre um dia em que a casa cai" - como cantava Vinícius.

Daí, é como a gota d'água, que canta o Chico. O que sobe nela pode cair. O que colhe e come seus frutos pode engasgar. Os que descansam em sua sombra podem ser assombrados por pesadelos. Os que desenham nela podem ter uma farpa em seus dedos. Os que lhe penduram uma corda podem acabar enredados. Os que lhe podam um galho podem ser, eles mesmos, podados. É... tem dia que o vendo que penteia as folhas da árvore pode ser o mesmo que arremessa um cisco no olho de quem está perto.

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