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quarta-feira, 15 de maio de 2013

A porta

"Meu coração bate sem saber que meu peito é uma porta que ninguém vai atender" é um verso de Arnaldo Antunes, que foi utilizado por um grande amigo meu, que tem espaço garantido aqui no Sempreever. Depois de muito tempo distante, FG voltou à nossa cena por meio de um telefonema e nos deu o ar de sua graça. Embora eu tenha ficado muito contente com sua ligação - porque é sempre bom o contato dos e com os amigos - algo me incomodou em sua fala.

Aquele verso que ele citou com insistência para apoiar várias de suas falas escondia uma insatisfação, uma angústia velada, clamando por ser revelada. Daquelas iguais a quando a gente olha a superfície límpida da água e vê, lá no fundo, bem no fundo, algumas impurezas depositadas no solo. Ou então como aquela corda de violão, aquela que entre as seis insiste em soar desafinada e que, por conseguinte, só um ouvido apurado consegue perceber.

Dizia ele que nesse tempo curto em que está viajando já teve o prazer de conhecer uma moça que o encantou e pela qual se viu encantado. Era tudo muito claro: os sinais que ela lhe dava e os que ele dava a ela eram, segundo sua percepção, evidentes marcas de concordância, de paixão pueril, adolescente: avassaladora, incrivelmente poderosa e simultaneamente dócil e promotora de uma sensação de vida a brotar em meio às pedras secas que dormem nos terrenos mais áridos.

Mas ele optou por não satisfazer o desejo de seu coração: ter alguém com quem compartilhar os mais simples e os mais complexos momentos da vida, dividir os planos mais corriqueiros (como o que comprar no mercado) aos mais sofisticados (como viagens, construção de um lar...). Isso porque, infelizmente, muito infelizmente, ele deu ouvidos àquele verso, segundo o qual, o coração dele insiste em bater na porta de seu peito.  E o faz todos os dias sem saber que aquela porta não pode ser aberta por alguém. A questão que fiz a FG foi: quem pode abrir essa porta, FG?

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