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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Navalha do passado na carne


Ao cortar o cabelo hoje, me deparei com uma situação inusitada. Não: inusitada, não. Inesperada, talvez. Já faz um tempo que corto meus poucos cabelos ali e, até então, não haviam usado navalha para fazer o "acabamento" de alguns pontos. Quando vi o sujeito desenvolver do papel aquela lâmina, engoli seco, como se nunca tivesse passado por aquela situação. Era o passado visitando minha carne novamente.

Já passei e foi muito, afinal, já vivi algumas dezenas de anos e mais metade de uma dezena. Nem era gilete, ou Gillette, para utilizar o nome correto e dar o crédito à marca que virou sinônimo do produto. Logo após ficar pensando nesta metonímia, outro pensamento de maior extensão me veio à mente. (quanto delírio!!).

Lembrei de Navalha na Carne, de Plínio Marcos. Que texto! Representado pela primeira vez em 1967, um ano antes de eu nascer, o texto retrata as culturas marginalizadas, o submundo escanteado que de vez em quando vem à tona. Do mesmo modo que alguns pensamentos do passado, com suas máculas, seus gemidos de dor e suas lágrimas quentes e salgadas vêm cortar a carne da memória dominante. Nada inusitado. Mas inesperado. Para dar acabamento.

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