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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Não vão em vão

Na estrofe final da música Rita, Chico Buarque revela que, quando se foi, a Rita "levou os meus planos, meus pobres enganos, os meus 20 anos, o meu coração. E além de tudo, me deixou mudo o violão". Isso me faz pensar sobre as pessoas, experiências e coisas, em geral, que se vão. Que se vão da nossa vida.

"No vão das coisas" que compõem a nossa vida, não há nada em vão. Todas vão ajudar a construir o que somos. Quando se vão, elas devem simplesmente ir, independentemente de terem cumprido por completo o seu papel. O problema é que, como recém-nascidos, acreditamos que todas elas são parte inalienável de nós e, por isso, muito nos dói, aceitar a cisão, a ruptura. Parece termos um apego quase simbiótico com elas; tanto, que temos a impressão de algo de nós mesmos parece estar nos abandonando quando as perdemos.

De fato, como canta o Dinho, do Capital Inicial: "tudo que vai deixa o gosto, deixa as fotos... deixa a memória". Mas me parece ser preciso aprender a conviver com o vazio deixado pelo que se perdeu, afinal, logo será substituído ou ressignificado. Na mesma música citada acima, uma informação interessante: "eu fico à vontade com a sua ausência". É preciso saber perder: o vento que leva pode ser o mesmo que traz.

Um poeta e professor, amigo meu, tem um verso revelador, segundo o qual: "as coisas se acostumam com a nossa ausência". Esse é justamente o vice-versa, o reverso da moeda: a perda é parte da presença. De igual modo, se, por um lado, algumas pessoas, experiências e coisas se vão de nós, por outro lado muitas vezes nós nos vamos delas. Esse é o movimento que preciso aceitar. Não se trata de ser indiferente a ter ou a não ter; trata-se de ser grato por ter e ser capaz de conscientemente ressignificar o não ter.

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