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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Im - previsível

É previsível supor que você conheça os versos "Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às 6h da manhã, me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã". Pois bem: vou supor que você conhece esses versos de Chico Buarque, na música Cotidiano.

Já ouvi de algumas pessoas que eu sou um sujeito previsível. E eu concordo com elas. De fato, tenho um certo relógio biológico que, independentemente de ser dia de semana, "me acorda às 6h da manhã". Eu cumprimento as pessoas de um modo muito igual. Eu trabalho nos mesmos lugares há mais de 10 anos. Uso roupas bastante semelhantes. Tenho um timbre de voz que varia pouco. Sou vítima da timidez em muitas situações semelhantes. Enfim, seria previsível que eu continuasse a descrever meu alto grau de previsibilidade.

Mas isso não me incomoda (muito), porque, afinal, as pessoas são como são. E até pelo fato de elas serem assim é que elas são reconhecidas como tais. É preciso um maiúsculo quê de previsibilidade para que as identidades sejam estabelecidas. E é curioso que, mesmo aquelas pessoas, que são altamente imprevisíveis, são completamente previsíveis em sua imprevisibilidade. É esperado que façam algo diferente.

O que me incomoda mesmo (muito) é as pessoas confundirem a previsibilidade com o bem que os gestos previsíveis suscitam. Não é ruim ser acordado com um sorriso pontual nem é ruim receber um beijo "com a boca de hortelã". Infelizmente essa simples confusão acumula, a cada gesto previsível, a sensação ruim do repetido. Quase sempre, chega-se a um ponto em que não dá mais para aceitar que "todo dia ela diz pra eu não me afastar". Dá-se o afastamento. E isso é previsível.

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