“Até a própria natureza está
pedindo pra você ficar”, cantava Beth Carvalho com seu vozeirão nos anos 80.
Com certeza, uma música super agradável de ouvir, cantar e dançar. Em período
de férias como este, em feriados prolongados ou mesmo em finais de semana, não
é incomum ouvirmos que o último dia é sempre melhor, justamente no momento em
que estamos indo embora. Às vezes não se fala especificamente do dia; fala-se
da noite, fala-se, enfim, dos momentos finais em que já está havendo um momento
de “despedida” do lugar.
Não sei se há dados, ainda que
empíricos, sobre isso. Mas tenho para mim que isso se assemelha um pouco às
relações humanas também. Um casal, por exemplo, quando rompe uma relação sem
que um dos dois esperasse: aquele que viu a relação romper, sem querer que isso
acontecesse, procura fazer coisas que pudessem de algum modo salvar a relação
(da qual, talvez, até ali, não tenha sido cuidada por ele como deveria). Assim com "o último dia de praia", ele procura brilhar mais, ser mais agradável. Mas já é tarde.
Do mesmo modo, um profissional
que se sabe às vésperas de uma demissão, procura “mostrar serviço” ao chefe
para tentar manter seu emprego. Um aluno que finalmente toma consciência de que
será reprovado tenta dar sinais de mudança aos professores no final do
ano. Um jogador titular que vê seu
reserva se aquecendo para entrar em seu lugar corre mais do que fez no jogo
todo para tentar assegurar sua presença ali. É diferente tentar consertar uma
rachadura na parede e consertar os escombros de uma casa.
Mas o dia... será que quando se
abriu maravilhosamente ensolarado, ele fazia questão da nossa presença e não
acreditava que romperíamos nossa estada em certos lugares? Ou será que ele está
dizendo pra gente ficar um pouco mais e manter nossa relação com ele naquela
praia, naquele sítio, a seu jeito? Ou será que está dizendo que ele pode estar
ensolarado para quando quisermos voltar? Parece difícil entender isso com a
clareza da Beth Carvalho.
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