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domingo, 27 de janeiro de 2013

Na mesma moeda

Pear Jam é uma banda que tenho aprendido a curtir, graças à influência das minhas filhas. CDs e DVDs são ouvidos em casa com alguma frequência. Nós três já até fizemos um "concertinho" aqui em casa: percussão, violão e contrabaixo. Naquela ocasião, tocamos a música Last Kiss, que narra a história de um rapaz que saiu com a namorada e, subitamente, ao ter de desviar de um carro parado na pista, chocou-se contra outro. Ao recobrar os sentidos, só teve tempo de ouvir sua namorada pedindo um abraço forte. Logo após abraçá-la e beijá-la, as dores provocadas pelo acidente superaram os restos de vida que habitavam o corpo dela. Daí o título da música e seu começo chocante: "Oh where, oh where, can my baby be? Lord took her away from me".

Pois é, essa vida nos ensina coisas que a gente demora a aprender. Talvez não seja mesmo para aprender; talvez seja apenas para viver. Ou morrer. Acabo de ler uma notícia que me deixou um tanto perplexo. Sei lá por quê. Em tese, nada tenho a ver com pessoa alguma que esteve na boate onde morreram cerca de 200 pessoas (até agora), após um incêndio que consumiu tudo que havia nela. Tudo. Inclusive as pessoas. Pouquíssimos sobraram.

O que é isso? Tem algo de misterioso, tem algo de inquietante, tem algo de natural, tem algo de sobrenatural, tem algo de irresponsabilidade, tem algo de destino. Será mesmo que o que tem de ser será? Não sei, não sei nem jamais saberei. Essas coisas são grandes demais para caber na minha capacidade de reflexão. Como é que um momento de alegria, de festa, de comemoração se transforma tão rapidamente em uma tragédia. Como é que um espaço em que pulsa a vida, o falar alto, o cantar, o dançar, o beber, o comer, o divertir-se, de repente se torna em um antro onde pulsa a morte, o grito desesperado e rapidamente silenciado, a estagnação do movimento.

Sei não, sei não - cantava Vinícius - a vida tem sempre razão. Mas essa lição é difícil de aprender, difícil de entender que, uma vez jogada pra cima dando voltas sobre si mesma, uma moeda pode cair do lado da cara ou da coroa. Ambos compõem faces da mesma realidade. Lamento muito a morte daquelas duas centenas de pessoas, e mais ainda a dor dos seus amigos e parentes. Muitos não puderam dar nem receber o Last Kiss.

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