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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Olhar, ver e entender

A primeira vista. Esse é o título de uma das músicas mais bonitas de Chico César, outro cantor e compositor cujas músicas e letras muito me agradam. Nesta, um dos versos é: "Quando o olho brilhou, entendi". Quero me valer desse verso para a reflexão de hoje, que é, de certa forma, uma continuação do que publiquei ontem.
 
Penso que o lugar-comum segundo o qual "de ilusão também se vive" tem seu lugar no dia a dia de muita gente. Já postei aqui uma experiência minha em que, ao ensinar literatura aos meus alunos de 9º ano, desenvolvi com eles a ideia de que as ilusões muitas vezes são necessárias para atenuar o peso de certos momentos da vida. Acredito que muitos têm a ilusão de que são uma coisa, um ser, um elemento isolado no mundo; único; separado de tudo e de todos.
 
Até certa idade da vida, os bebês acreditam firmemente que tudo o que há e todos à sua volta são uma extensão de si mesmos. Por isso, choram aos berros quando lhes tiram um carrinho, uma boneca... ou mesmo quando nos afastamos deles. Parece estar sendo tirado algo deles; algo que não sabem se voltarão a ter. Ou, ainda, parece estarem sendo tirados das coisas. Quando as coisas ou as pessoas voltam, seus olhos brilham. Quando as coisas ou pessoas voltam, eles entendem. Porque voltam a se ver completos.
 
Quando amamos algo ou alguém, nossos olhos brilham de modo a intensificar nosso objeto de amor. Nossas pálpebras se abrem e se fecham num movimento que traz esse objeto para dentro e o conduz para fora sem que pareça que ele está dentro ou fora. Está em nós. Determina e é determinado pelo nosso olhar. É por olharmos assim o objeto do nosso amor, que conseguimos finalmente entender. Porque nos vemos completos. E nisso (também) Chico César tem razão: "quando o olho brilhou, entendi".

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