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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Da razão para a desrazão: um prefixo

Farah caminha pelas ruas da cidade / Reprodução/Band

Há 11 anos, um acontecimento abalou a cidade de São Paulo. Era dezembro, antevéspera de Natal, época que - até pelo próprio nome - lembra nascimento, vida. É momento de celebrar a vida em família, com pessoas a quem queremos bem. Tudo bem, que comercialmente lembre troca de presentes. Para muitos, lembra descanso, viagem... e mais uma série de coisas positivas. Foi em um 23 de dezembro que um médico, assassinou e esquartejou uma de suas pacientes, que também era sua amante.

Falo de Farah Jorge Farah não só assassinou e esquartejou sua paciente e amante, como também teve a capacidade de exercer friamente aquilo que, teoricamente, fazia de melhor: algo como um procedimento de cirurgia plástica: ele tirou milimetricamente a pele do rosto, das mãos e dos pés de Maria do Carmo Alves. À época do julgamento, sua Defesa ainda tentou argumentar dizendo que o então médico havia cometido o crime para se defender da moça que supostamente o atacara.

Há mais absurdos nessa história, mas não é nenhum desses que me incomoda neste momento. Incomoda-me o fato de alguém com a formação que tem, com a missão que tem, com a responsabilidade que tem, com a condição geral que possui - enfim - dar-se ao luxo de cometer uma atrocidade dessas. Que botão se desliga na cabeça do indivíduo, que o torna capaz de falar mais alto que o superego (como ensinou Sigmund Freud)?

Cada vez mais fico convencido de que entre a razão e a desrazão, tudo é só uma questão de prefixo; é uma linha de seda frágil e transparente. É algo que não resiste a um sopro, algo que se recusa a recuperar aquele milésimo de segundo para a chegada da razão. Li hoje que esse, então conceituado médico, foi visto pelas ruas, perambulando a revirar lixo - de onde tira coisas e guarda numa sacola. Teria perdido a razão e saído em busca de restos do corpo da moça que não foram encontrados?

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