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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Alegria nos olhos acinzentados



Ontem por algumas frações de segundo eu me vi assaltado por uma dúvida que alterou minha forma de pensar. Uma dúvida sobre mim. Dúvida simples. Característica do fato a que ela mesma se refere. Não sei bem por que e nem o que eu pensava no momento. Sei que ao quantificar minha idade, não tinha certeza se eu tinha 44 ou 45 anos. Uma matemática simples e de cabeça me tirou a dúvida rapidinho. Mas quis recorrer a uma calculadora..., que confirmou: vou fazer 46 em três meses.

Voltei ao que fazia em meu escritório e me passou a ideia. Mas não totalmente, porque, como uma enfermidade crônica, uma chuva de verão, uma esquina ou um bumerangue, ela sempre está se fazendo presente. E hoje, ao ir visitar um tio numa cidade próxima, essa ideia se aproximou novamente de mim. E agora eu sei por que: meu tio dirige uma instituição voltada apenas para o cuidado de idosos. Em meio a sorrisos, cafés, histórias e bolos, eu manifestei minha vontade de ir com ele àquela instituição - como sempre faço, aliás. Mas hoje tinha mais motivação.

Não são idosos, apenas. São velhinhos mesmo. Conversei, cumprimentei, conversei e olhei com muito carinho cada uma daquelas pessoas que têm já seus 80, 90, 100 anos. Uma tem 105 anos. 105. Já cadeirante, já falando pouco, já com os olhos acinzentados. Aquela experiência ia me despertando ainda mais ternura por cada um deles. Mais eu queria ouvi-los, mais eu queria sorrir com eles. Na verdade, um misto de tristeza também queria me assaltar algumas vezes, mas eu fui resistente e fixei minha atenção ao bem que aquela experiência me trazia.

Parece voltarem aos tempos de criança. Já dependentes de outras pessoas para muitas coisas. Já desconexos em sua fala. Já sorridentes ao extremo ou dispersos ao extremo. Alguns ali conviviam com dores constantes invencíveis. Um e outro com algum ferimento. Alguns com sondas penduradas. Mas todos com quem conversei, tinham uma alegria perene, uma doçura no seu jeito de ser, e respondiam com um sorriso tão aberto às brincadeiras do meu tio, que desejei aquele espírito, independentemente de ter 45, 46 ou 105.

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