Passei o dia pensando no que postar hoje. Muito do que escrevi ontem continua ecoando em mim, pedindo para vir à tona. Toda vez que eu tentava focar em algo, meu pensamento corria para a poetisa moderna/romântica portuguesa Florbela Espanca. Engraçado essa lembrança vir agora. Lembro bem que na época da faculdade, quando tomei conhecimento da obra dessa encantadora mulher, meu pensamento era: "caramba, ela escreveu o que eu queria escrever!"
Envolto em pensamentos, lembranças e estímulos para escrita, lembrei-me do poema "Fanatismo". Independentemente do que possa significar um TU na vida da gente, é preciso tomá-lo sempre na relação com o que queremos que signifique um EU. É nesse sentido que, muito modestamente, tomo emprestadas as palavras de Florbela Espanca para dizer o que ela disse em 1923:
Fanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !
Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !
E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."
Livro de Soror Saudade (1923)
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