Cazuza, com toda a sua conhecida energia para as palavras, cantava: "pequenas porções de ilusão... me interessam". A meu ver, mais uma vez estava certo o artista rebelde que clamava por uma ideologia para viver.
Ainda tenho dificuldade para acreditar que a felicidade seja algo perene, de duração eterna, inabalável. Difícil até afirmar que alguém seja sempre feliz. Penso que haja momentos de felicidade que se sucedem e se alternam com outros momentos nem tão bons assim.
Pois é. Ao pé da letra, ilusão é exatamente o aspecto daquilo que é efêmero, de durabilidade incerta. Penso ser saudável ir em busca dessas "pequenas porções de ilusão", dessas pequenas alegrias que nos levam a sensações intensas, gostosas e marcantes; que nos levam a sentimentos densos, a gargalhadas e suspiros. Em busca das coisas que são eternas enquanto duram. Coisas que nos fazem bem e nos elevam.
Não constitui segredo para ninguém o fato de tudo ser passageiro. Tudo mesmo: existe, brilha intensamente, depois passa a existir de outra forma. Um pouco ou muito mais distantes da gente. Portanto, é preciso cuidar dessas pequenas porções de ilusão e vivê-las como se elas e nós fôssemos a mesma recíproca realidade. Isso diz respeito a nós também. Imagino que sejamos como as ilusões: estrelas de brilho intenso e raro, mas que em breve passarão.
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