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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Velhos



Há coisas na vida que não envelhecem. Ou que, como tudo, envelhecem, mas não perdem sua essência. Isso me lembra Eclea Bosi em seu livro "Memórias de velhos". Há tanta coisa que envelhece e não fica ruim, como vinho, como paisagem, como sabedoria, como tantas outras coisas que nos acompanham pela vida toda e a cada dia parecem renovadas. Às vezes são coisas boas, às vezes não.

Algumas cenas do dia de hoje me levaram a esta reflexão sobre o envelhecimento das coisas, das ideias, das pessoas e de suas práticas. A primeira delas ocorreu por duas vezes,: quando saí do escritório para ir almoçar e quando voltei do almoço. Na calçada havia um papelão, desses que envolvem televisão nova, ou máquina, ou geladeira. Mas que, naquela situação, apenas servia de colchão para um senhor que dorme ali. Um velho. Era apenas um pedaço de papelão o que eu via estendido no chão, mas minha interpretação era de que se tratava de uma cama. Da cama de um velho que dormia exatamente ali. Não pisei. Passei ao lado, sem lençóis, travesseiros...

Enquanto voltava para o escritório, ou vi passos lentamente apressados atrás de mim, na tarde meio ensolarada, meio chuvosa que fez hoje. Era de duas senhoras dando sinal para que um ônibus parasse para conduzi-las. Uma estava bem à frente da outra e sinalizava com mais veemência. A outra, já sabedora do que ia acontecer, corria apenas para dizer que correu. Dito e feito: o motorista não parou para que elas subissem um pouco fora do ponto de ônibus. A da frente, reclamou da de trás. Que já havia se conformado, desde antes de o motorista do ônibus ignorar a condição delas.

Já no elevador do prédio para o 9º andar, onde fica a minha sala, subíamos eu e um velhinho. Sério, a princípio. Assim que um casal de jovens apareceu ao abrir da porta e perguntou se o elevador estava subindo, o velhinho olhou para mim e, depois que o casal resolveu sair para poder pegar o elevador descendo, o senhor não teve dúvidas e me disse: ora, se está subindo: Se estivesse subindo, eles não estaria aqui nos perguntando...". Demorei, mas entendi a piada do velhinho, que me olhava com cara de quem esperava o riso por aquilo que disse. É assim: há velhos bem-humorados (assim como há velhos ignorados e abandonados).

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