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sábado, 6 de dezembro de 2014

Comparar-se com outro




Parece não haver jeito mesmo: comparamo-nos sempre com os outros. Em tese, esta é uma prática que tem tudo para ser salutar, na medida em que só somos nós mesmos na medida em que nos relacionamos com outros, que por sua vez só são a si próprios na medida em que interagem conosco. O outro pode ser sempre um parâmetro de algo ou de um modo que podemos ou queremos ser e - para ser sincero - muitas vezes, um parâmetro para o que não podemos e não queremos ser.

Alter-egos que se relacionam constantemente, quer de modo direto, quer de modo indireto, precisam estar atentos ao fato de que o outro é um outro, apenas um outro. Não melhor nem pior, apenas o outro. O que faz alguém melhor ou pior não é necessariamente o outro, mas o julgamento que se faz dele, segundo critérios quase nunca objetivos ou nunca desprovidos de um olhar pessoal, limitado pelas imposições de ordem psicossociológica.

Comparar coisas é algo que me parece diferente e que também requer olhar mais cuidadoso. Sim, um tênis pode ser melhor que outro tênis. Um carro pode ser melhor que outro carro. Desde que as coisas fiquem comparadas entre si mesmas, vejo com naturalidade. Mas quando se ouve dizer: MEU tênis é melhor que o DELE. ou MEU carro é melhor que o DELE, já me parece mais problemático, porque não é o tênis nem é o carro que está em comparação. É, sim, o tênis ou o carro na relação com o outro. Nesses termos me parece que o melhor ou o pior não é necessariamente o objeto.

Mais: melhor e pior só podem ser assim considerados dependendo (e muito) do ponto de vista. Para uma família modesta, dona de poucos recursos financeiros, que quer comemorar algo com champagne, a Moet Chandon não será a melhor. Para um diabético, um senhor bolo de repleto de ingredientes deliciosos e ultracalóricos não será o melhor. As comparações são facas de dois gumes, que cortam bolos, rolhas de champagne, tênis e carros - com um punhado de palavras.


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