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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Inexorável



Desde muito pequeno as palavras sempre me encantaram. As palavras simples (sim, não, já...), as palavras difíceis (idiossincrasia, consuetudinário), todas sempre exerceram um fascínio sobre mim. Me lembra até o conto do Luiz Fernando Veríssimo, no qual ele discorre justamente sobre o significado de algumas palavras. Uma delas é "defenestrar" (aliás, este é o nome do texto). E é assim, a gente vai flertando com o sentido das palavras até conseguir aquilo que elas podem dizer.

Uma palavra pela qual eu tenho grande afeição é "inexorável", e eu a conheci ouvindo e lendo sermões religiosos. Inexorável é a característica daquilo de que não se pode escapar. Inexorável é algo inelutável, inevitável. O interessante é que, até diante daquilo que é inexorável, nós nos surpreendemos. Assim como um dia chega ao seu fim, sem que possamos alterar o curso deste evento, também a nossa vida chega ao fim, porque isso é inexorável. Taí uma outra forma de dizer que a morte é a única coisa certa nesta vida.

No poema Soneto de Fidelidade", Vinícius de Morais fala de duas realidades tidas como inexoráveis. Uma delas é a própria morte, a que já me referi, outra é a solidão. Suas palavras: "E assim quando mais tarde me procure a morte (fim de quem vive), quem sabe a solidão (fim de quem ama)...". E não é que é mesmo inevitável que um dia a solidão chegue para todo aquele que insiste em colocar sua vida do curso do amor? De igual modo, é inevitável a busca pela felicidade justamente no bom e velho amor.

É inexorável que este ano vai se acabar em breve, muito breve: depois de amanhã, 31, é seu último dia. Independentemente de haver ou não horário de verão, de estarmos no hemisfério sul, independentemente de qualquer coisa, ele acaba amanhã. Assim como ele, outras coisas vão se acabar e outras tantas vão ter seu direito à vida. Resta-nos saber exatamente o quê, para que estejamos preparados para a realização da inexorabilidade das coisas - que sempre nos surpreende.



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