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terça-feira, 3 de junho de 2014

Cobranças



Quem não se lembra do conto "O homem nu", de Fernando Sabino - esse excelente cronista. Embora eu ache o texto "A última crônica" o melhor, este do "Homem Nu" também é brilhante. Acho isso pela hilária situação criada por um casal, em que o marido decide combinar com a mulher para que ela não abra a porta em hipótese alguma, a fim de evitar uma possível cobrança de uma conta cujo dinheiro ele não tinha naquele momento.

Saber lidar com cobranças é uma preocupação que todos devemos ter. Isso tanto do lado de quem exerce a cobrança, quanto do lado de quem a sofre. No conto "O Homem Nu", vemos claramente alguém lidando muito mal com uma cobrança. As consequências são esclarecedoras, apesar de caricaturais, do que pode ocorrer com a inabilidade para lidar com a situação em que alguém é cobrado. É claro que não se trata apenas de cobrança financeira. Há outros tipos que podem desembocar em mesmas consequências.

Um aluno mediano meu, que está acima da média de sua classe, passa por um grau de cobrança maior do que é necessário e reage de modo estranho ao que se espera: fica tenso ao extremo, no limite de esgarçar a corda de sua paciência, entre a explosão do choro e da gargalhada nervosa. Tenta a todo custo o resultado máximo em cada avaliação. Outro, que já era bom passou a ser cobrado excessivamente pela mãe e, quando viu que, quanto mais melhorasse, mais seria cobrado, decidiu se tornar aluno mediano.

E assim segue a vida deles: um feliz porque reduziu o nível de cobrança assumindo uma posição que lhe é confortável e que o deixa feliz. E outro, uma posição desconfortável e que não lhe deixa feliz (mas à sua mãe, sim). Cobrar mais do que se deve - ou cobrar menos - é tão ruim quanto pagar mais do que se deve - ou menos. Em breve, as portas se fecham e as pessoas ficam nuas, para fora de casa, envergonhadas como "O homem nu", da crônica de Fernando Sabino.

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