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domingo, 5 de janeiro de 2014

A cada um, sua própria bile



Cada um tem seu próprio corpo. E cada corpo tem seus próprios componentes, pequenos corpos funcionais. Muitas vezes, não só os corpos entram em contato - graças ao aspecto gregário que caracteriza o modo humano de viver - mas também os pequenos corpos que compõem o que somos. Sim, numa viagem muito louca, eu ainda acho que todos nós somos microcorpos componentes de corpos maiores. Todos nesse imenso tabuleiro chamado vida (conhecida ou não).

Mas, o que me importa aqui é que muitas vezes algumas pessoas parecem usar a bile para além das funções que já são cabíveis a ela. Como suco bastante ácido que colabora com a digestão, metaforicamente parece servir para ser despejado com toda a sua acidez sobre a paz de outras pessoas, estragando momentos, situações e humores. Aliás, os gregos já associavam o péssimo humor à bile. Era um humor biliático.

É bom que a bile faça seu papel e nos ajude a nos manter mais íntegros, mais saudáveis para que estejamos cada vez mais aptos e colaborativos em nossos relacionamentos. Que a acidez devore apenas aquilo que seja potencialmente ruim. E quando for no aspecto metafórico, que ela se limite a seu próprio dono. Dessa forma, digeriremos melhor o que cada pessoa tem a nos oferecer nessa grande antropofagia cultural, nos termos em que propôs Oswald de Andrade. 

sábado, 4 de janeiro de 2014

O mar e o marinheiro




Pois é. Chegamos ao primeiro final de semana de 2014. O primeiro de 52. E, como se fôssemos marinheiros em primeira viagem, ainda nos extasiamos diante das múltiplas possibilidades que cada Ano Novo abre para nós, como uma janela que dá para imensos campos verdes a cultivar. Uma portinhola que escancara um mar aberto aos nossos olhos.

Tantas possibilidades de consertar coisas que andam tortas por tanto tempo. Tantas práticas incrustadas no casco de nosso barco já tão fatigado da maresia, do sol, do sal e da força das águas cotidianas nas quais flutuamos ora diante de paisagens celestes indescritíveis, ora completamente cercados por água abaixo, água dos lados e, em tempestades, água por cima. La nave và. Show must go on.

De igual modo, tantas coisas boas se oferecem para nós, tantas pessoas legais se oferecem para fazer parte de nossa vida, que a gente fica até bobo em ver. Daí, é preciso ter cuidado para apoiarmos essas novidades não nas mágoas e picuinhas passadas, mas sim na experiência colhida ao longo desses anos pelos quais nos conduzimos no imenso oceano que nos banha.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Velinhas de velhinhos




Férias são momentos que devem ser muito bem aproveitados para se fazer um conjunto de coisas que não se faz em período de trabalho intenso. Isso é bom porque ativa outras áreas perceptivas que podem acender uma série de velinhas para iluminar novas ideias.

Durante o período de trabalho normalmente não se vai ao mercado durante o dia no meio da semana. Quando dá pra ir é na hora do jogo de futebol do domingo. Mas não é domingo, estou em férias e preciso ir ao mercado. É dia. E é dia de semana. Enquanto ando por entre gôndolas e escolho meus produtos começo a perceber um tanto de velhinhos também fazendo suas compras.

Um que me chamou a atenção utilizava uma camisa social com um calçãozinho que mal aparecia sob a camisa, além de um tênis com meias pretas. Logo a seguir, noutro corredor, vi dois velhinhos se cumprimentando: tapa de mãos espalmadas uma contra a outra, seguido de uma batida de mãos em posição de soco, que se segue, por sua vez a dois tapinhas no ombro. Outro todo empertigado numa estica super elegante com gel nos poucos cabelos. De repente, me vi refletido num vidro grande que tinha próximo aos caixas. Subitamente, uma velinha se acendeu: me vi mais próximo dos velhinhos do que dos jovens.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Amor tece dor



Não há dúvidas de que as dores fazem parte do que nós somos. Não seria ousadia dizer que elas compõem boa parte do que somos. Ora dores dos outros, ora dores nossas mesmo. Isso quando não tomamos as dores dos outros. E a gente toma mesmo. Mas é bom saber que "dores são sintomas".

As dores de cotovelo parecem ser sinais de que existe alguma injustiça pairando no ar, como "O Morcego", de Augusto dos Anjos. Ao menos uma aparência de injustiça, porque esse tipo de dor parece se mesclar com um quê de inveja. Já as dores de cabeça, ah... essas devem ter sido criadas com o primeiro Homem. São sintomas de que deve ter outra coisa doendo e que ainda não foi percebida.

Talvez a mais chata das dores seja a dor de parto. Natural, é claro. Que dizem ser comparada à dor de hérnia (eu, que tenho 3, conheço bem). A mais perigosa, talvez, aquela dor que dá no braço, anunciando que o coração pode estar nas últimas batidas. Agora a mais frequente talvez seja aquela dor que o amor tece. Sim, o amor tece dor.

Carta de intenção dois mil e catarse


O ano efetivamente começou e este é bem o momento em que paramos para fazer alguns planos de ordem bem genérica. São planos que vão das necessidades ou desejos pessoais até os grandes desafios que há muito se interpõem à realização efetiva. Emagrecer, trocar de carro ou de casa, viajar... Planos que podem ser tidos como cartas de intenção. Para onde enviá-las, não sei. Mas importa escrever. E saber que, de um modo ou de outro, os planos passarão por pessoas e terão em nós uma ação catártica.

2014 será o ano em que vamos tentar lidar melhor com as pessoas que nos orbitam. Pessoas que, por sua vez, são orbitadas por nós. Todos, todos partes de uma grande via láctea que amamenta tantos quantos precisarem de sua energia. A começar com cada um de nós mesmos, certamente vamos procurar ajustar melhor os movimentos para evitarmos atritos que acabam refletindo em outras pessoas, em outros astros. Vamos permitir a catarse de padrões de comportamento repetitivos, que nos levam a agir e reagir sempre da mesma maneira.

Nas relações profissionais, este ano será pródigo para que possamos realizar o sonho de muitas pessoas, que pretendem, simplesmente, trabalhar menos e ganhar mais, a fim de que possam ter um tempo maior pra cuidar de si e de outros. Um ano para gastarmos menos tempo no trânsito, para executarmos melhor nossas funções, para que possamos conviver melhor com os companheiros de trabalho e com os clientes que atendemos - direta ou indiretamente. 2014 será melhor que 2013, na medida em que tivermos isso como uma carta de intenções que nos leve a realizar pequenos ajustes no nosso modo de ser. Que seja um dois mil e catarse para todos.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Gratidão à vida



Daqui a 90 minutos, o ciclo 2013 estará fechado. Tantas coisas fizemos nesses 365 dias, que parecemos estar como um recipiente no qual nada mais cabe. É tanta coisa que, ao olharmos por cima do conteúdo de coisas feitas, já não enxergamos as que estão depositadas no final do continente.

Honestamente sei que o Universo tem sido extremamente favorável a mim, e mais do que a saúde pela qual todos primamos, Ele me tem dado inúmeras oportunidades de sorrir, de criar, de olhar a vida com leveza, com gratidão, com espírito aberto para oportunidades de experimentar ainda mais situações que despertam a sensação de felicidade.

A cada vez que vejo ou escuto minhas filhas sorrirem, eu sinto a magia da vida surgir de seus semblantes. Cada vez que converso com alguém, sou presenteado com toda sorte de vivacidade - até porque sei separar e reter o que é bom. Outra alegria sem fim é poder fechar o ano com quase 35 mil acessos a este blog, um espaço em que eu tento dialogar com este Universo, que me é tão generoso. A todos os que me deram o privilégio da leitura, muito obrigado. A este Universo maravilhoso, do qual cada leitor faz parte, muto obrigado.

De certezas também se vive



Estou voltando à escrita dos textos do SEMPREEVER hoje, depois de alguns dias de férias. Volto com uma certeza, o que pode ser bom ou ruim. Mas como sou daqueles que acreditam que as coisas não são boas ou ruins em si mesmas, procuro aproveitar o que de bom elas podem produzir.

"Fico com a pureza da resposta das crianças: é bonita, é bonita e é bonita" a certeza de que, nesta vida, o que importa é cultivar amizades, independentemente do grau que elas atingirem. A certeza de poder contar com um gesto amigo e de poder disponibilizar um gesto amigo é uma das poucas coisas que dão sentido a esta vida que, por vezes apagada, volta a receber o brilho de gente que sintetiza a própria existência.

Muitas vezes, uma palavra. Outras vezes, mais palavras. Em algumas situações a presença física; em outras, o chamado "apoio moral". Para alguns momentos, o prazer de trazer boas novas e de ouvi-las; para outros, o dever de trazer advertências e alertas para o melhor caminho a se tomar. Para todos os momentos, para todas as situações, ad me cum = é aquele que vem em minha direção. É aquele que me ajuda a construir o que a vida é. Dessa certeza, procuro beber o que ela tem de bom.