Valeu a visita!

Daqui pra frente, divirta-se trocando ideias comigo.
Conheça meu outro blog: http://everblogramatica.blogspot.com.br

terça-feira, 28 de julho de 2020

A palavra ALEGRIA e minhas três alegrias


Sabe aquele estado de espírito em que a gente tem a sensação de que tudo está no eixo, existindo como deveria existir e nos dando uma satisfação capaz de fazer nascer no nosso rosto o mais puro sorriso? Um estado de espírito que me lembra o seguinte trecho de música: “De repente fico rindo à toa, sem saber por quê”, verso cantado pela Maria Bethânia e que sempre ecoa nos meus ouvidos silenciosamente.
É o estado de alegria genuína que nos dá a sensação de que a vida vale a pena, a sensação de que cada momento é único, irrepetível e capaz de fazer nascer em nós os mais puros sentimentos cabíveis. Como adoro etimologia (ai de mim se não gostasse, sendo doutorado em historiografia do Português), fui ver a origem da palavra “alegria”. Sem surpresa para ninguém, ela vem – é claro – do Latim laetitia. Originalmente tem o sentido de “fazer nascer”; por extensão de sentido, também remete ao sentimento de dar à luz: alegria.
Trocando em miúdos, sentimos alegria quando vemos a vida brotar; estamos alegres quando temos a sensação de que a vida está em movimento, existindo tal qual ela deve existir; ficamos alegres por darmos vida a algo ou alguém e por recebermos vida de algo ou de alguém. Uma sensação, como diziam os antigos, inefável – ou seja: impossível de traduzir satisfatoriamente por palavras. E, realmente, há muitas emoções, sentimentos e sensações que as palavras, por mais poderosas que sejam, não conseguem alcançar. Por isso, rimos à toa, por isso suspiramos, por isso nos sentimos leves.
É extremamente importante estarmos em contato com o que e com quem nos dá alegria: sejam pessoas, fatos, objetos, animais, planos, sejam lembranças... sejam pensamentos. E aí, nesta última palavra, existe um grande inimigo da alegria: os pensamentos que cultivamos. Quando postos no que não nos traz vida, eles nos amortecem, eles matam a alegria, tiram o brilho da nossa alma, deixando a gente desalmado, desanimado (que, aliás, para quem não sabe: originalmente são palavras de mesmo sentido).
Então me coloquei a pensar no que me traz alegria. E eu digo sem a menor sombra de dúvida: há três fatores que me fazem uma pessoa feliz, que fazem a minha existência plena, que fazem a minha vida valer a pena a cada dia.
O primeiro deles é a minha família: a que me gerou e aquela que ajudei a gerar. Quando penso na minha mãe e em minhas filhas, meus olhos se enchem de lágrimas de satisfação pelo simples fato de essas pessoas existirem. Como elo dessas duas pontas da vida, com toda certeza me considero o mais feliz dos homens. Hoje, vivendo em segunda família, vivo a alegria de cuidar e ser cuidado, compartilhando com esposa e filhos o que tenho de melhor como ser humano.
Minha segunda alegria é a de ver alguém aprendendo algo comigo, desde algo da matéria em que me especializei, até algo simples como ensinar uma criança a amarrar seu tênis. Ver nos olhos da pessoa aquele exato momento em que os neurônios se tocam para formar uma aprendizagem realmente é impagável, justamente porque significa que passei a existir na mente daquela pessoa, ou senão porque provoquei um acréscimo de conhecimento que será útil para a vida toda. Isso é sublime, para mim.
Minha terceira alegria é aprender: por isso pergunto, por isso leio e ouço, por isso experimento e tento, por isso cresço e ajo para me tornar a cada dia uma pessoa melhor a serviço da minha família e dos que aprendem comigo. E eu próprio tenho muito o que aprender.
Assim, num ciclo, a alegria se reproduz em mim, brota, nasce, letitia. E me deixa “rindo sem saber por quê”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário