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sexta-feira, 6 de março de 2015

Bilboquê de pilha

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Hoje, por alguma razão ainda desconhecida pra mim, me veio à mente a época em que eu era criança em Janaúba - MG, minha cidade natal. Embora eu não tenha nada de que reclamar do tempo em que lá vivi, foram anos de algumas perdas bastante significativas. Não tínhamos lá muita coisa. Nosso brinquedo mais chique eram as bolinhas de gude. Lembro bem que fazíamos barquinhos de papel para brincar na água da chuva (fenômeno natural raríssimo naquelas paragens). Fazíamos também, para o mesmo fim, bonecos desenhados em casas de melancia. E nos divertíamos a valer.

Um dos brinquedos que fazíamos com nossas próprias mãos estava o bilboquê. Apesar de have desses mais sofisticados, feitos com madeira nobre e envernizada, o nosso não era assim (mesmo eu tendo o privilégio de ter um avô carpinteiro). Não, o nosso bilboquê era feito de pilha descartada. Essas pilhinhas de rádio ou aquelas pilhas maiores, que serviam a grandes equipamentos. Torcíamos para encontrar pilhas. Arrancávamos o miolo delas depois de abrir-lhes uma das extremidades. Na outra extremidade, fazíamos um furo por onde passávamos grosso barbante, que seria posteriormente amarrado a um pedaço de madeira. Assim estava feito o bilboquê.

E treinávamos muito. Tardes e tardes, quando o futebol não era opção, por um ou outro motivo. E lançávamos a pilha para cima, a qual, depois de encontrar o limite do próprio barbante, voltava com leveza para se encontrar com o pedaço de madeira, de modo que este entrasse naquela. Assim iam nossos campeonatos, contando quem encaixou mais vezes e com que grau de dificuldade. Até de olhos fechados valia ponto. Mais ponto, até. Às vezes ouvia-se um "toc" de pilha batendo na cabeça daquele que planejara mal o movimento da pilha.

Não tínhamos a menor noção de que estávamos lidando com substâncias perigosas ao entrarmos em contato com o material do interior da pilha. Sequer nos passava pela cabeça a possibilidade de alguém adoecer por fazer aquilo. Não, não. Simplesmente criávamos condições para nos divertir em face da escassez que rondava nossa vida naquela época da vida. Findo o dia hoje pensando se eu, adulto a caminho da velhice, ainda lido com situações cujo prazer ofusca o real perigo a que me exponho.

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