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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Sonhos sem idade



Resultado de imagem para criança pensativa

"Sonho meu, sonho meu. Vai buscar quem mora longe, sonho meu. Vai mostrar esta saudade, sonho meu, com a sua liberdade, sonho meu" (https://www.letras.mus.br/maria-bethania/47244/) é o início de uma música cantada por Maria Bethânia e que envolve minhas lembranças de quando eu era criança e passava a maior parte do meu dia sozinho em casa depois de voltar para a escola. Pensando. Sonhando.

E foi na escola que vivi uma experiência calada que me marcou e vai marcar pelo resto da vida. Vinha eu extremamente concentrado nos tantos afazeres que caracterizam meu dia, colocando pensamentos em ordem, com o olhar fixo e distante. Pensava no que queria pra já e pra sempre. Pensava nas coisas que movimentam a nossa vida: os sonhos. Sonhos meus, novos, fortes, que me enchem de esperança, novos como criança. Até que uma imagem singela cortou como seda aquele mar de pensamentos e me abriu um horizonte do qual ainda não consegui sair.

Uma menininha de seus 7 ou 8 anos vinha na direção contrária à minha, rente à parede, silenciosa, com as mãozinhas juntas e dedos entrelaçados, olhar fixo no chão que passava diante de si sob seus passos regulares e leves como seu pensamento. Parei, como se um farol vermelho imenso acendesse diante de mim e passei a contemplar a pureza daquela cena. E ela passou por mim, como brisa do mar. O turbilhão que estava na minha cabeça silenciou para dar lugar a uma série de perguntas: que sonhos imediatos e distantes ecoavam na mente e no coração daquela criança? O que era pra já? O que era pra sempre?

Como eu, aquela criança também tem pensamentos que deixam o corpo andando automaticamente, que deixam os olhos vidrados e as mãos entrelaçadas. Quereria ela um abraço de uma amiguinha? Estaria preocupada com uma nota de prova? Pensaria ela em um jeito de ser mais vista, mais reconhecida? Imaginaria uma forma de ganhar mais carinho de seus pais? Sonharia ela com ela mesma grande e poderosa? O que falava tão alto na cabecinha dela, a ponto de calar suas palavras? Espero que o sonho dela, com a sua liberdade, vá mostrar a saudade do que ela sentia naquele momento. Os sonhos dela e os meus passaram um do lado do outro, calados, colados.

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